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segunda-feira, 9 de março de 2009

A máquina de lavar do Vaticano

Desculpem as postagens interruptas, acho que estou meio deprê, mas é algo que passa.

Bem, estou tentando acompanhar esse caso da excomunhão no Nordeste. Acabou virando isso, porque era sobre um estupro chocante no qual a Igreja se meteu e conseguiu desviar e criminalizar a atitude das pessoas que foram vítimas.

Não é preciso repetir que a Igreja é anacrônica. Acredito que uma instituição religiosa não precise ser tão antiquada para manter sua doutrina. É necessário interpretá-la em relação aos tempos modernos, sob pena de retornarmos aos momentos de queimar cientistas em praça pública.

Daí pego o gancho para o assunto de hoje. Foi o dia internacional da mulher e o Vaticano, como todas as instituições do mundo, resolveu homenageá-las. Pois bem: a Folha de São Paulo noticia hoje que, segundo o L'Osservatore Romano, a máquina de lavar pode ter sido mais importante para a mulher que a pílula anticoncepcional.

Sim! É exatamente isso. Um grande avanço foi a máquina de lavar, não a pílula. Na minha concepção prosaica, parece que isso, ao contrário de homenagear as mulheres, está implicitamente dizendo que a função "natural" da mulher é a cozinha e que um invento que a ajude nessa função natural é muito mais interessante que outro que lhe permita aproveitar sua sexualidade sem necessariamente carregar o fardo de uma gravidez indesejada.

É a mesma Igreja que há menos de 3 séculos ainda queimava em praça pública mulheres que ousavam ser diferentes dos padrões sociais, sob a alegação que eram bruxas, praticavam feitiçaria, etc. É a mesma Igreja que até pouco tempo atrás era favorável à escravidão, sob diversos argumentos como a ausência de alma dos negros.

Pedir desculpas pelos erros do passado só vale a pena se você efetivamente não tem a intenção de cometê-los no futuro.

Ao criminalizar a conduta do aborto, mas não criminalizar o estupro, a Igreja mostra a sua verdadeira cara: para ela, dá uma boa saudade daqueles tempos em que ninguém questionava seu poder. Muito menos mulheres, numa Igreja que as diminui e coloca como mera subordinadas de homens dentro de uma hierarquia.