Mude para o Firefox!

domingo, 31 de maio de 2009

Nunca subestime o poder da Microsoft (e do Google)

Num tempo em que no Brasil já se começa a falar sobre os potenciais perigos de se ter uma empresa com tantos dados sobre nós (como o Google, que sabe toda nossa rotina de E-mails e relacionamentos via Orkut ou a Microsoft, que tem todos os nossos contatos no MSN), é interessante que o grande debate ainda esteja longe de ocorrer.

Por mais que o tema tenha sido introduzido na pauta, acho que ainda subestimam o poder de tanta informação reunida sobre tanta gente. Conforme bem definiu o Luli Radfahrer, o modelo de negócios do Google é relativamente simples: eu (Google) te dou algo que individualmente é caro, por zero - como um GMail, peço em troca algo que não tem valor individualmente, mas que de modo agregado vale muito e faço um lock-in. Simples. Práitico. E, como adoram dizer os estatísticos, elegante.

sábado, 16 de maio de 2009

Viva a auto-ajuda!

Estrutura dos textos de auto-ajuda: se p, então q (faça assim que você será feliz)
Estrutura dos textos de Administração: se p, então q (use este modelo para ter sucesso)
Estrutura dos textos de Física: se p^q, então r (tal experimento nas CNTP dá esse resultado)

Será que desde Aristóteles ninguém consegue pensar diferente?

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Método, método, método

Passando pela livraria aqui do aeroporto Santos-Dumont, no Rio, percebi que a maior parte dos títulos são de auto-ajuda espiritual ou empresarial. Livros do naipe de Machado de Assis, Graciliano Ramos ou mesmo o grande Monteiro Lobato, qualquer coisa do estilo, sequer existiam. Mas haviam várias edições do "Os sete hábitos das pessoas altamente eficazes", o "Oitavo Hábito: da eficácia à grandeza" e toda a (imensa) família da franquia "pai rico".

Enquanto isso, no meu doutorado, cada vez mais me convenço que a Administração não tem, efetivamente, como se queixar da alcunha de "ciência menor" que outros campos - como a Economia, Engenharia ou Comunicação - lhe dão. As discussões são muito mais ligadas aos modelos que propriamente aos seus fundamentos. Tem vezes que o doutorado parece uma grande aula de MBA.

Hoje em dia sou da área de Administração (ou Management, se você prefere falar em Inglês), embora minha formação original seja em Direito. Sou advogado, inclusive.

Queria ter visto mais discussões sobre epistemologia. Sinceramente. O que vi foram pitadas do pensamento do Thomas Kuhn aqui, pitadas das idéias de Karl Popper ali, alguma menção ao Bacon e nada do Feyerabend, por exemplo.

Não sei por que dessa fixação do pessoal de Administração em ser considerada uma ciência. Parece que estão vivendo agora o que o Direito viveu com Hans Kelsen e H.L.A.Hart há algumas décadas e que a Sociologia já superou razoavelmente também.

O meu problema é basicamente esse. Se você quer ser uma ciência, ótimo! Que seja! Adote o pacote completo. Método, fundamentos, etc... O que "pai rico, pai pobre" mostra pra mim é que há uma tentativa de mostrar modelos poéticos sob a forma de científicos.

Ahhhhhhhhhhhh

Que raiva.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Você está sendo filmado para sua segurança

Depois da polêmica idéia de instalar o GPS em todos os carros novos do Brasil, acho que vale a pena falar um pouco sobre essa coisa de georreferenciamento.
Hoje em dia se coloca muito a noção que privacidade é algo oposto à segurança. Como dizem aquelas frases idiotas: "você está sendo filmado para sua segurança" (de quem?).
Topei com uma notícia dos EUA falando sobre algo interessante; acerca da possibilidade de a polícia realizar o seu monitoramento com GPS sem ter um mandado judicial para tanto. Os EUA podem ter todos os problemas do mundo, mas acho que nesse ponto eles criaram uma jurisprudência constitucional bastante rica. Nesse caso, gira em torno da quarta emenda. Essa, por sua vez, tem origens na Magna Carta inglesa de 1215, que é um dos primeiros documentos jurídicos a garantir algumas prerrogativas ao cidadão contra o Estado (mas não se esqueça que nem todos eram cidadãos e que não existia exatamente um Estado ainda).
A Constituição brasileira também incorporou esses direitos.
Contudo, como todos sabem, a CF é muito bonita no plano teórico, mas sua implementação ainda deixa a desejar. Existe uma cultura muito ruim, que é ligada à idéia maquiavélica dos fins justificados pelos meios - embora Maquiavel talvez não queira ter dito exatamente isso. Por isso que muitos sequer se importam com determinadas instituições distorcidas que temos aqui no Brasil, como as milícias (que no início foram saudadas como algo ótimo que ia acabar com o tráfico), a pena de morte efetiva que governa o ethos das forças de segurança, o baixo salário/treinamento das mesmas forças de segurança, os governos ineficientes, os deputados corruptos, etc. Tudo isso é tido como algo normal.

Por um lado, isso me deixa assustado, lembrando das lições de Hannah Arendt acerca da banalidade do mal. Por outro, acho que é mais ainda que isso, podendo ser dito que há uma banalidade de tudo, um conformismo generalizado, um desânimo compensado pelos freqüentes carnavais. Catarses programadas.

Retomando o tema do GPS, eu acho particularmente um absurdo que esse dispositivo venha de fábrica. Eu acho um absurdo alguém (seja uma empresa ou seja o governo) ter nas mãos as informações sobre o que fazemos ou deixamos de fazer.

Continuo em breve isso aqui.

Abraços

terça-feira, 12 de maio de 2009

Não ao projeto do Senador Azeredo




Sim, ele é do meu partido. Como vários de vocês sabem, sou tucano de papel passado, participando o PSDB aqui no Rio de Janeiro. Mas, ao contrário do que algumas pessoas pensam, ser de um partido não é ser de uma seita.
Tenho sérias divergências quanto ao projeto do Senador Azeredo, que teoricamente visa regular a Internet. Todas essas iniciativas para "regular" a Internet são meio polêmicas, principalmente da forma que estão dispostas.
Como advogado (ainda por cima da área de Direito Constitucional e Legislativo), consigo ler essas coisas enroladas. Se alguém tiver alguma dúvida manda um reply que eu tento "traduzir" algum termo técnico do projeto. Um bom site sobre isso é o da SaferNet, que contém inclusive uma espécie de clipping sobre o projeto.

Vale a pena olhar o blog do Prof. Sergio Amadeu (FCL/SP), que contém várias informações interessantes.

sábado, 9 de maio de 2009

Sobre o workshop no curso de Formação

Conforme já havia comentado com vocês, meus inexistentes leitores, não sabia exatamente se o pessoal lá do formação Coppead havia entendido exatamente o que eu havia falado.
Acabei de receber o feedback. Mais confuso impossível.

Vou transcrever as respostas que recebi:

1. Não fala de maneira clara. Não se preocupou em deixar de falar termos
técnicos que o publico não entendia. Não conseguiu prender a atenção.
Palestrante confuso.
2. Achei a palestra muito interessante e o palestrante extremamente
competente na didática e conhecimento do assunto. Poderia ser o professor
da matéria Mkt Digital.
3. Excelente iniciativa. Grande palestra!
4. O palestrante teve dificuldade em passar conceitos relativamente simples e
não teve o controle da turma. Acho que faltou experiência de falar em
publico, mas o tópico é muito interessante e deveria ter sido melhor
aproveitado apresentando algumas técnicas que são utilizadas no mercado
como ferramentas de marketing, e não sites legais somente. Gostei muito
do caso, que representava justamente isso, mas não foi muito explorado.
Gostei muito das indicações de livro para leitura sobre o tema!
5. Professor com uma prepotência curiosa. Domina muito o assunto, passa
satisfação com o tópico, mas não percebi muita destreza em levar a turma a
uma melhor discussão a respeito do que era apresentado. Gostei do
conteúdo e procurei conversar durante a aula, mas não achei integrado com
a turma. Bom professor, bom assunto, “aula” poderia melhorar (participação
dos alunos e destreza do palestrante).
6. Muito bom palestrante e demonstra muito conhecimento.
7. A palestra surpreendeu minhas expectativas. O Pedro prendeu atenção da
turma e as trocas foram enormes, fazendo da palestra um bom bate papo
ampliador de conhecimento.
8. Não foi passado nada de diferente. O palestrante tinha um ar de
superioridade e usa termos técnicos que muitos desconheciam.

Em relação a:

1. Concordo. Poderia ter sido mais claro. Mas, se você faz a especialização em mkt e não entende alguns termos técnicos específicos da área, duas opções: pergunte qual o significado ou então veja na Wikipedia. Quando falei de Twitter metade das pessoas não tinham a menor idéia do que era. Sendo que havia passado uma mega reportagem no Fantástico sobre isso há uma semana. Se alguém ali pretende ser gestor de mkt, é bom inciar lendo os jornais.

2. Fico grato pela consideração. Embora ache que o prof. de mkt digital seja muito bom, reconheço que temos divergências quanto à abordagem do tema. Contudo, ele é muito mais experiente que eu.

3. Obrigado!

4. Reconheço. Tive dificuldades em passar conceitos simples. Vou ver se melhoro nisso. Não tive muito controle da turma, é verdade. Tento não me impor muito, mas acho que deveria ter expulsado de sala aquela garota que ficou trocando SMS com o colega no meio do workshop. Poderia ter passado algumas técnicas, verdade. O caso me daria base para isso. Contudo, perguntei sobre o caso para umas 5 pessoas aleatórias e ninguém leu porcaria alguma. Passei horas traduzindo aquele caso e o pessoal simplesmente desdenhou. Espero que no mercado de trabalho não façam isso com um briefing de um chefe, pois senão estarão todos demitidos. Fico feliz que tenham aproveitado as indicações de livros, são realmente bons.

5. Fiquei intrigado com a "prepotência curiosa". Tenho que melhorar isso, urgentemente. Vai ver que essa imagem que eu tento passar de pessoa legal não está dando certo. Vou acatar o conselho e praticar mais falar em público.

6. Obrigado. Era um pouco do que queria passar.

7. Agradeço imensamente, embora seja razoavelmente contraditório com outros comentários. Imagino que essa pessoa tenha se preparado antes da aula (pelo menos lido o caso).

8. Fico com medo dessa afirmação. A pessoa deve trabalhar na Frog ou então da Giovanni + DRAFTFCB, para conhecer todos os detalhes das mídias emergentes. Na próxima vou tentar explicar melhor todos os termos técnicos, já que parece que foi o ponto fraco do workshop. Tenho que melhorar essa imagem de superioridade....

No overall: depoimentos contraditórios, mas fiquei acima da média, segundo as avaliações. Vou tentar melhorar. Aos alunos: boa sorte na vida profissional. Os únicos problemas da turma de vocês:

a) troca insistente de SMS na sala de aula. Isso irrita profundamente e demonstra uma imaturidade da parte de vocês;

b) falta de preparação prévia. Se alguém ali pretende fazer uma pós graduação séria, isso é ponto crítico e mortal. Se fosse um curso stricto sensu já estariam reprovados ou algo quase como isso. Além de ser uma falta de consideração comigo, que passei algumas horas traduzindo um texto americano e pedindo autorização de uso - quase ninguém leu.

c) falta de conhecimento de alguns termos técnicos. Embora reconheça que peguei pesado em algumas coisas (como hipertexto, emergência de mídias, etc.), em outras parti do pressupostos que vocês sabiam, como Twitter, Last.fm, etc. Não há desculpa. São futuros gestores de mkt. Não vão chegar muito longe se não começarem a procurar informações sobre o mundo que os cerca.

d) modelos. Poderia ter dado os modelos existentes de métricas digitais. Um problema apenas: eles não são confiáveis ou sequer existem. Nesse ponto, posso fazer que nem a PUC, que dá o modelo das 5 forças do Porter como algo extremamente inovador e válido. Quem conseguir criar uma métrica confiável está empregado, ganhando um bom dinheiro.

De resto, estou disponível para quaisquer dúvidas que restaram.

Abraços

Pedro

terça-feira, 5 de maio de 2009

Censura, ainda no presente

Hoje a Folha de São Paulo noticiou que os muitos dos documentos que poderiam revelar a verdadeira história do Brasil ao longo do século XX foram mantidos como "ultrassecretos" - ou seja, quem espera vê-los terá que torcer para que algum presidente mude isso ou então para que algum hacker os disponibilize. Ser ultrassecreto significa que o sigilo é eterno. Isso mesmo. E como diria em uma estória, e viveram escondidos para sempre.

Para se ter uma ideia, o sigilo da lista de indicações do Prêmio Nobel dura 50 anos. E isso porque lá mostra quem sugeriu o nome de quem.

Como advogado da área constitucional (ainda por cima) que sou, acho um absurdo toda essa coisa de sigilo. Entendo que o Estado (veja bem, o Estado, não o Governo em si) tenha determinadas matérias que devam ser secretas ou quase isso. Energia nuclear, detalhes de fabricação do papel-moeda, coisas assim, críticas. Mas duvido que a quantidade imensa de detalhes que existem nesses documentos censurados sejam relativas a algo crítico.

É bem mais provável que seja algo no estilo demonstração de poder que propriamente a segurança do poder.