Mude para o Firefox!

terça-feira, 30 de junho de 2009

POS open source

Como vocês, meus inexistentes leitores, já devem saber, sou bastante simpático às alternativas de código aberto e livres para softwares e sistemas operacionais. Ainda estou à procura de uma potente máquina com Linux aqui no Brasil, mas pelo menos já consegui migrar para o OpenOffice (tem uns dois anos e estou ótimo com ele) sem traumas.

Vi outro dia esse software de POS (existe outro de ERP) produzido pela OpenBravo. É algo fantástico. Fiz o download para testar e é muito bom. Não é mais necessário para o pequeno empresário ter que piratear outros sistemas. Esse é gratuito. Você só paga se quiser customizar algo, mas mesmo assim não acho que seja necessário. Ainda por cima já vem preparado para touch-screen, leitores de código de barra e impressoras, dentre vários outros periféricos.

A Pentaho também é uma empresa que venho acompanhando, e desenvolve na mesma linha, embora com um modelo de negócios razoavelmente diferente. Acho que vale testar. Além disso, é gratuito e legal seu uso.

Nota legal: eu não tenho relação alguma com essas empresas. O interesse aqui é basicamente jornalístico e técnico, ao mostrar opções interessantes para tempos de crise.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Pequena serenata (da balada) noturna

Gustavo chegou às 6:00 em casa - maldita lei seca, pensou.
Ainda por volta das 3:00 ele conversava com um casal, uma amiga, outro nem tanto (porém um pouco). Todo um clima - meio libertino - que pairava no ar. Se alguém era de alguém, certamente não tanto naquele momento.
De todo modo, ele parou. E viu o que não queria ver; ouviu o que não queria ouvir. Não, nada de mais. Nada tão crítico. Nenhuma doença grave ou morte certa. Nada que mudasse. Mas, de algum modo, aquilo mudou.
Viu naquele casal algo que ainda não havia sentido. Uma coisa meio esquisita. Parecia, por um momento, que aquelas duas pessoas realmente se gostavam. Estranho, muito estranho. Gostar-se, em um ambiente como o contemporâneo, é quase um crime. Mas, ainda assim, pareciam que se gostavam. E ponto.
Essa secura, essa característica autossuficiente. Algum tipo de sentimento - não o amor, aquela coisa comercial e romântica que a Coca-Cola e a Visa tentam emplacar para vender mais. Também não era a paixão, embora tivessem momentos de paixão. Mas era algo único, que existia no tempo e no espaço, mas que não existia. Era aquilo que era. E apenas isso. Autossuficiente.
E que raios era aquilo? Por que nunca havia ainda sentido aquilo pessoalmente? Sim, por que se era tão forte para ser sentido à distância, sem estar diretamente envolvido, talvez fosse algo bom.
Gustavo saiu desarmado daquele momento. Uma situação inédita. Toda a lascívia, depravação, degenerescência, o que quer que seja. Tudo isso não conseguiu, por alguns instantes, suportar. Por alguma razão, aqueles segundos entre o objeto do desejo conseguiram alterar o desejo em si. Transformou-se em algo impuro, proibido, vergonhoso.
E Gustavo foi para casa pensando, triste e feliz ao mesmo tempo, imaginando se era tão ruim assim ser uma pessoa ruim. Talvez, em algum momento, a inveja tivesse seu valor. Enquanto sentimento autossuficiente, claro.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Where wizards stay up late

Acabei de ler o livro "Where wizards stay up late", que conta a história da Internet. O livro é simplesmente fantástico. Deveria ser leitura obrigatória para todos que trabalham na área de mídias digitais.
Primeiro, porque conta muita coisa que não imaginamos. Vários dos acertos da Internet foram completamente ao acaso, claro que com uma boa dose de profissionalismo, planejamento e apoio de várias pessoas, principalmente cientistas, jovens pós-graduandos e alguns burocratas.
Vale por ver que a ARPANet, antecessora da Internet, não foi criada pelo medo de um ataque nuclear, mas que um artigo que falava sobre sobrevivência de redes em um ataque nuclear foi chave para o seu design (o artigo do Paul Baran, da RAND).
Vale por ver que essa coisa toda de Web 2.0 não é nada mais que muito que já existia, ainda em 1975, com os Requests for Comments.
Vale, portanto, por ser História. E por evitar que se digam as homéricas bobagens que se dizem por aí. Recomendo fortemente.
Agora começo a ler o Diffusion of Innovations, do Rogers - mais um daqueles livros que todos citam sem sequer terem lido.......

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Twitter e Michael Jackson

A inesperada morte do popstar Michael Jackson mostra como uma mídia emergente como o Twitter pode ser incrivelmente mais rápida que as redes tradicionais.
Talvez um dos mais valiosos instrumentos ali seja o trending topics. Vale a pena conferir.
Abraços,

domingo, 21 de junho de 2009

Michel Foucault, reloaded

"O exame, cercado de todas as suas técnicas documentárias, faz de cada indivíduo um caso: um caso que ao mesmo tempo constitui um objeto para o conhecimento e uma tomada para o poder. O caso não é mais, como na casuística ou na jurisprudência, um conjunto de circunstâncias que qualificam o ato e podem modificar a aplicação de uma regra, é o indivíduo tal como pode ser descrito, mensurado, medido, comparado a outros e isso em sua própria individualidade; e é também o indivíduo que tem que ser treinado ou retreinado, tem que ser classificado, normalizado, excluído, etc."

Michel Foucault: Vigiar e punir. Rio de Janeiro: Vozes, 1987. Página 159.

Comecei esse post com essa citação do Foucault principalmente motivado pela publicação de uma notícia que, embora não seja uma novidade no sentido estrito, me assusta pelo novo caráter de aceitação inconteste.
Trata-se da reportagem Empresas pões saúde como meta para dar bônus, da Folha de São Paulo.
Nela, são descritas as empresas que vinculam parte da remuneração variável de executivos não mais apenas ao atingimento de metas financeiras ou operacionais. Melhor dizendo, são operacionais sim, só que agora de uma outra máquina, que é o corpo humano em si. Além de aumentar o market share em x%, você deve reduzir o seu colesterol em y%.
Em uma análise prévia, parece ótimo, não?
Acredito que não. No fundo, acho que é uma das coisas mais assustadoras que eu vejo atualmente.
Pois bem: se eu quiser ter um estilo de vida sedentário, o que que alguém tem com isso? Se eu não estiver afim de comer coisas light ou então de regular minha alimentação? Sério, fora eu mesmo e, no máximo, algumas pessoas do meu círculo mais próximo de amizades, o que que uma empresa tem com isso?
Acho simplesmente um absurdo ter esse tipo de vinculação; tal medida, na minha opinião, é uma flagrante invasão da empresa no campo mais pessoal, que é o da saúde. Uma tentativa grotesca e assustadora de controlar a vida nos seus mais íntimos detalhes.
Já não chega dar blackberry para todo mundo? Agora vai ser o que? Colocar medidores no corpo dos executivos para avaliar o cumprimento das metas? Instalar GPS nos carros particulares dos caras pra saber como eles estão se divertindo? Instituir uma meta para a executiva vinculando o rendimento às notas dos filhos na escola?
Será que isso só parece absurdo para mim?

sábado, 20 de junho de 2009

Novos Ph.D.s

Um dos melhores textos acadêmicos que já li até hoje é, para minha surpresa, de um jovem Ph.D., de uma área que não a minha e sobre um tema dificílimo. Chama-se David Waddington.

Provavelmente vocês, meus inexistentes leitores, sabem que estou tentando atualmente entrar profundamente nos pensamentos (que bonito, né?) de um filósofo alemão chamado Martin Heidegger, acerca da questão da técnica. E esse moço, que deve ter seus 30 anos, escreveu uma peça sensacional, de uma clareza e simplicidade estética incrível, porém com uma profundidade inimaginável.

Vale ler, pelo menos para quem é curioso sobre Heidegger. Mas quero deixar uma luz de felicidade que bateu em ver que ele é bem novo. Tomara que um dia eu tenha essa capacidade.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O diploma de comunicação social (ou "Acerca dos compartimentos científicos e das corporações de ofício")

Caros e inexistentes leitores,
venho acompanhando com relativo interesse essa confusão toda relativa ao fim da exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista.
Talvez alguns de vocês (meus inexistentes colegas) lembrem que um dos meus primeiros posts foi sobre o projeto de lei para regulamentar a profissão de DJ.
Sou advogado - bacharel em Direito e aprovado naquela simpática prova da OAB. OK, pois bem. Contudo, por alguma razão mística do destino, acabei seguindo a área de tecnologia, misturada com a comunicação. Bem, acho que é isso, a não ser que outra pessoa consiga dizer onde se enquadra "Novas mídias".
Esse é o problema.
Desde a chamada Revolução Científica que se colocou no imaginário ocidental a idéia que é possível dominar o conhecimento, buscando-se a verdade (ah! a verdade, que maravilha...) através do método científico. Então, como de uma hora pra outra, o estudo das relações monetárias entre países deixou de ser um ramo da política propriamente dita - daí o nome original de "Economia Política" na época de Adam Smith - para ser alguma coisa mística chamada de Economia.
O ser humano é estritamente racional e se comporta dessa forma quando decide. Bem, pelo menos é isso que se dá como pressuposto de quase todas as teorias econômicas.

O conhecimento vira algo dividido em compartimentos, e dessa forma é estudado. Claro que em algum momento ia entrar na cultura popular essa idéia que Política é completamente diferente de Engenharia, por exemplo.

Bem, falo isso porque acho que o princípio é o mesmo. Ainda sob a égide do mesmo princípio que dominou as corporações de ofício da Idade Média, as profissões se organizaram no Brasil sob castas, que dominam a produção e a legitimação do conhecimento.
Acho que as únicas profissões que deveriam ser regulamentadas são as relacionadas à área médica: medicina, enfermagem, fisioterapia, educação física, psicologia, nutrição, etc., exatamente pelo seu caráter de potencial dano à saúde do indivíduo, o que não tem como se controlar de outra forma.
Mesmo como advogado, acho que, embora a OAB tenha sua importância (grande, por sinal), o exercício da advocacia não deveria ser restrito aos bacharéis em Direito, assim como o exercício da Administração não deveria ser restrito aos bacharéis em administração e, em última instância,
o exercício da Comunicação não deveria ser prerrogativa exclusiva de bacharéis em comunicação.
Não que as faculdade sejam inúteis, pelo contrário; se o são, é por problema estrutural dos currículos no Brasil. Contudo, cada vez mais vejo que o Direito se torna um mero instrumento para se atingir o concurso público. Discussões sobre justiça, liberdade, igualdade, etc, passam longe, pois não caem nas provas. Chega-se ao cúmulo de colocar como mais importante saber qual a doutrina infinitamente minoritária escrita em um livro de baixa vendagem por um desembargador apagado intelectualemnte mas que pertence à banca examinadora (que, por uma miraculosa coincidência, passa a vender bastante) do que qual o conceito de Bem em Platão e qual a influência disso na nossa concepção de justiça contemporânea.
O problema em torno do fim do diploma para o exercício do jornalismo é, na verdade, a ponta de um outro iceberg, a saber: a completa inutilidade da maior parte dos órgãos de classe que, sendo inúteis, não mais justificam esses modelos arcaicos de corporação de ofício.

Assusta-me (divertindo-me, contudo) ver que o debate tem se concentrado no argumento de "a profissão de jornalista é muito importante e não pode ser comparada com a do cozinheiro" do que propriamente o lado mais estrutural, profundo, que reflete as mudanças na sociedade.

Conforme sempre digo aos meus (existentes) amigos: mudança, pensar 'fora da caixa', sinergia, trabalho em equipe, pró-atividade, etc. Tudo isso é lindo na teoria e é bonito em papo de RH e mesa de bar. Contudo, no cotidiano, conheço pouquíssimos que não sejam avessos às mudanças. De fato, muitos vão tentar conformar a realidade aos seus preconceitos, que vão continuar pensando o mundo como composto por diferentes compartimentos, vai adorar trabalhar em equipe desde que 'o seu' esteja garantido e adorará pró-atividade, desde que não necessariamente deva começar com ele.

Der Übermensch.

Por isso eu acho que certos paradigmas precisam ser mudados. Até porque sem mudanças a coisa fica muito chata e monótona.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Salário dos servidores em São Paulo

Para se ter uma ideia de prioridades públicas:

Adriana Rulli - Procuradora do Município II - Remuneração bruta: R$ 30.386,40 (sim, mensais)
Magda Gonçalves Colletes - Procuradora do Município II - Rem. bruta: R$ 26.524,08
Débora Rodrigues Moura - Professora do Município (ed. infantil e fund.) - Rem Bruta: R$ 2.065,03
Sidnéia Souza da Silva - Assistente de Gestão de Políticas Públicas I - Rem. Bruta: R$ 2.760,62

Nada mais a dizer, como poderia ter escrito o Samuel Beckett.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Blog da Petrobras

Interessante essa confusão toda em torno do blog da Petrobras.
Não havia ainda visto um blog corporativo ser tão direto e rápido na elucidação de suspeitas levantadas pela imprensa. A pessoa que teve essa idéia realmente foi inspirada.

Fica, contudo, a questão de "furar o furo" jornalístico que, no fundo, é o que se está falando.
Imagino que tenha dois lados a questão.
É, por um lado, bom, porque mostra a posição da empresa de forma rápida, aproveitando (finalmente!) a Internet e as tão faladas ferramentas de Web 2.0 para fazer a informação chegar a um público. Ainda é bom porque faz com que a imprensa tenha que repensar um pouco a posição de relativo poder que se encontra e que, correntemente, é utilizado de forma excessiva.
Por outro, é ruim. A Petrobras quebra uma das principais relações tácitas entre o jornalista. Ao contrário do que se fala, isso não é sigilo de fonte. É algo que, no meu ver, é mais delicado. Entrar em contato com a parte "acusada" antes da publicação é uma forma de dar possibilidade de defesa ou de apresentação da versão oficial. Ao publicar no blog antes dos jornais, acredito que no médio prazo os jornalistas possam se sentir desestimulados a procurar o outro lado para averiguações.

Mas, não nos esqueçamos: o jornalismo brasileiro ainda vive num limbo. Não entendo por que não saem logo do armário. Todo mundo tá careca de saber que a Veja é uma revista bastante à direita, enquanto existem várias outras para esquerda - e algumas em algum lugar desses. Por que não assumir logo ao invés de passar uma imagem de imparcialidade? Bem, vai saber....

Essa CPI da Petrobras é outra coisa de louco. Começou esquisita, desenvolve-se esquisita, deve terminar em pizza, como a maior parte das outras. O governo tem maioria. Mesmo que fosse um governo da atual oposição, o efeito pizza seria idêntico, pois no Brasil a agenda é dada pelo Executivo, não pelo Legislativo.

A única coisa que me recuso a fazer é entrar num frenesi ufanista ao defender a Petrobras, como vejo muitos fazendo em seu blog.
1) A Petrobras é do Estado brasileiro, não desse governo ou de outro. Assim, ela não é do PT ou do PSDB ou PMDB - embora seu uso político seja evidente, o que é ruim;
2) A Petrobras é, e continuará a ser, uma empresa, capitalista (bem capitalista), de uma das áreas que mais polui e que ganha rios de dinheiro.
3) A Petrobras é uma empresa - não confundir a pátria brasileira com uma empresa, que tem uma agenda muito diferente do Estado. Alguém acha que a principal motivação de uma empresa é o engrandecimento da pátria, no lugar de lucros? Acorda. O petróleo chega (refinado, claro) até nós por um preço absurdo, abusivo. A Petrobras, embora invista muito (mas muito mesmo) em cultura e outros projetos, é tão pragmática quanto qualquer outra empresa. Se ela não quiser o lucro que vire uma ONG (sem conotações negativas, ok?), mas não vem com essa de empresa legal e simpática (com capital em bolsa?!...) defensora dos fracos e oprimidos.

Portanto, me recuso a levantar bandeira de qualquer empresa em nome de uma "soberania" ou "patriotismo". Levanto a bandeira de uma pátria, sim, que é o Brasil. Mas a Petrobras continua sendo uma empresa brasileira, uma multinacional brasileira que, como vimos, é tida por muitos hermanos como uma imperialista.

sábado, 13 de junho de 2009

Para além do bem e do mal

Homenageando Nietzsche com esse título, tento expressar, de modo não acadêmico (enfim!) um pouco do que eu sinto. Acho que vou até mandar isso aqui para o Gui Zarvos...

Aceso, apagado, aceso, apagado
Intermitente
Estado do meio que não se sustenta
Aceso, apagado, aceso, apagado
Bing, bing, bing

Repetições anacrônicas
de versos que não mais são atuais
Atualizados à exaustão
Então, sendo assim,
volta ao início

Pax
Pax
Libera me Domine, de morte aeterna, in die illa tremenda
(quando coeli, movendi sunt et terra)
Cantou-se uma vez
Numa língua morta
Para os mortos
Pelos mortos

Aceso, apagado, aceso, apagado
preso num mar de ignorância
causada de forma retroativa
Ativa para algumas coisas
Relativa para outras

Aceso, apagado, aceso, apagado
Intermitente,
É o estado do meio que não se sustenta
E que vá ao inferno Aristóteles
E apenas sobre seu tratado sobre a Comédia
Que, da Poética, é exatamente aquilo que não sobrou

Aceso, apagado, apagado, apagado
Outrora intermitente
Estado do meio que agora deve desaparecer
Requiem, requiem, requiem

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Mais Platão, menos Prozac

Consigo, atualmente, ficar cada vez mais imerso nesse mundo esquisito que é o da Administração de Empresas. Confesso que não entendo muito bem o que faria a Administração ser tão independente assim de um outro campo, como a Sociologia, já que, no fundo, a unidade básica coincide em vários momentos - a organização.

De fato, quando alguém da área é indagado acerca da fundamentação de suas crenças, em geral se esquiva da pergunta.

Sob a desculpa de ser uma ciência pragmática (o que quer que isso signifique), a Administração se deu ao luxo de não procurar uma fundamentação filosófica para aquilo que faz. Melhor. Sob a mesma desculpa acredito que muitos acadêmicos sequer pensaram nisso.

Existe um verdadeiro movimento positivista retrô, que tenta impor uma visão mecanicista de mundo aos demais. Pois bem. Isso chegou uns 70 anos atrasado.

Tal discussão já era subjacente ao Círculo de Viena, com intelectuais do porte de Carnap e as influências críticas de Wittgeinstein e Popper. Por outro lado, discutia-se também na chamada Escola de Frankfurt. Particularmente, tenho bastante simpatia por esta última, lar intelectual de figuras como Horkheimer, Adorno e Benjamin.

Existe ainda um outro movimento, dentro desse retrô, que insiste em ver a sociedade de uma forma estruturalista, porém não o estruturalismo filosófico, mas sim algo ligado ainda à primeira onda da cibernética. Bem, isso está uns 50 anos atrasado.

As discussões que são tidas atualmente, especialmente na Academia brasileira, parecem pautadas por uma agenda intelectual de meio século atrás. Norbert Wiener e amigos ficariam bastante orgulhosos em saber que suas idéias ainda são discutidas, de forma ferrenha. Talvez, contudo, não gostassem do fato de nem se saber ao certo quem é Norbert Wiener quando se discute aquilo que ele influenciou - e muito - a Administração.

Quando falo atrasado, não o digo num sentido dicotômico inferior/superior. Tendo a pensar do modo antropológico, apenas como uma evolução no tempo. A discussão é atrasada porque, efetivamente, já foi realizada à exaustão há muito tempo.

Esse, portanto, é o problema de não fundamentar o estudo, de não conhecer as bases filosóficas daquilo que se faz. A discussão pretensamente teórica fica no plano do "dito pelo não dito", enquanto intelectuais medíocres acham que descobriram a pólvora.

Como diria aquele famoso livro de auto-ajuda, cujo título é inspirador: mais Platão, menos Prozac.