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sábado, 28 de fevereiro de 2009

Orçamentos e crise

Peço desculpa aos leitores pela demora na postagem de um novo tópico. Estava na reta final para a defesa da minha dissertação lá no Coppead; tudo deu certo, ainda bem : )

Quero falar um pouco sobre um ponto que já havia mencionado anteriormente, que é a questão do orçamento público.
Foi publicada na Folha de São Paulo uma reportagem, segundo a qual o Nobel de Economia Paul Krugman diz que o Orçamento dos EUA pode mudar o rumo da Economia. Segundo o laureado, desta vez há a possibilidade de se compreender os rumos do país e o destino do dinheiro a ser gasto.

Quando trabalhava na Câmara aqui do Rio, tive alguns embates com uma consultora na área de orçamento público, Ester Inês Scheffer, que agora é Secretária de Planejamento de alguma cidade no interior do Mato Grosso, eu acho. Na visão dela, o orçamento deveria conter metas e resultados, de forma a possibilitar a mensuração da eficiência do gestor público.

Pensei muito sobre isso e acho que vale a pena um parcial mea culpa.

Talvez ela estivesse, de algum modo, certa, no sentido que no Brasil, como o planejamento é geralmente algum número próximo a zero, qualquer coisa que pudesse dar algum grau de satisfação em saber que o seu dinheiro está sendo bem usado possa ajudar.

Por outro lado, se há algo que o Mestrado em Adm me ensinou, é que existem várias formas diferentes de lidar com o mesmo problema. Como toda boa ciência social (e, nesse caso, peço permissão para escapar da discussão acerca da natureza científica dos estudos sociais), não há algo que seja inteiramente correto ou errado.

(continuo amanhã, tá bom?)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Corporação, reloaded

A pedido do Pachá, vou tentar desenvolver um pouco mais um tema que eu havia pensado há três dias. De fato, é mais um desabafo de alguém que estuda em uma escola de Administração que propriamente uma análise ultra-profunda sobre o tema, mas tem valor também.

Havia comentado que em Metropolis, a fantástica obra do Fritz Lang (1927), uma jornada considerada cansativa pelo Freder tinha 10 horas de duração. Tema que será revisitado no igualmente clássico Tempos Modernos, de Chaplin, acho que de 1936 (ou por aí), de um modo hilário e sério, que só alguém do porte do Chaplin saberia fazer.

Na análise de Andreas Huyssen (1982) sobre Metropolis, comenta que há uma visão dupla em relação à tecnologia: algo que pode ser tanto positivo para a sociedade quanto algo que pode ser muito ruim. Basta lembrar todo aquele furor da Belle Époque, com as idéias dos carros voadores e das máquinas que permitiriam ao indivíduo ter mais tempo para as artes, família, etc. Tudo isso devidamente interrompido pela Primeira Guerra Mundial, em que ocorreu o oposto: a tecnologia foi pesadamente usada para destruir, matar, torturar, enfim, acabar com o ser humano. Portanto, nada surpreendente Metropolis apresentar essa postura.

Com as novas mídias do século XX, a situação não foi bem assim, tão "flores".

O telefone, embora inventado no século anterior, teve sua massa crítica atingida no séc. XX, aumentando a capacidade de comunicação (no modelo 1/1). O rádio, idem ao telefone, só que no modelo 1/N. Televisão, a mídia de massa com imagens, solidificou o modelo de difusão 1/N.

Não é de se espantar que, com a alteração na dinâmica das cidades (e aqui, principalmente, as dos EUA), espalhando-se para os subúrbios (mudança possibilitada pelos carros agora mais baratos), acaba-se gerando um isolamento cada vez maior dentro da própria casa. O rádio e a televisão servem como fonte primária de notícias, atualizadas em "tempo real" (ao contrário do tradicional jornal impresso, com um delay típico de 1 dia).

Esse modelo de "isolamento" tem suas vantagens, ao obrigar uma separação entre o espaço do trabalho e o doméstico.

Com a telefonia móvel (final de 1970 e início de 1980), somada às tecnologias ligadas à informática, a década de 1980 experimenta o início de uma alteração na idéia de trabalho, abrindo a possibilidade de extensão da jornada de trabalho para o ambiente doméstico.

A década de 1990 marca a consolidação desse processo, com a supremacia do uso corporativo do e-mail e a disseminação do computador pessoal. Ou seja, agora você tem a possibilidade de, no conforto do seu lar, trabalhar em frente ao computador e enviar, sábados, domingos ou feriados, relatórios, análises, etc.

Com a maldição do Blackberry (e posteriores smartphones), caiu a barreira entre o trabalho e a residência. Tudo é trabalho ou, como adorariam os meus amigos adoradores do Spinoza, em potência.

Se em Metropolis eram 10 horas diárias, agora são até 12 ou 13, no escritório, além das restantes, pois é necessário que você esteja de stand by, com seu celular ligado ao lado de sua cama, para a eventualidade de alguém ligar.

O suporte para esta prática foi construído, ao longo do tempo, pelo discurso gerencial. Frases como "os mais fortes sobrevivem no mercado", "você tem que ser pró-ativo", "tem que ser criativo", dentre várias outras comuns no dia-a-dia do RH e da literatura gerencial de livraria de aeroporto são a dimensão perceptível de algo muito mais assombroso, já cantado pelos nossos colegas Foucault, Deleuze, Guattari, Negri, etc: a biopolítica (junto com o conceito de biopoder).

Vale lembrar que as técnicas agem de tal modo que você acaba acreditando na sua validade, na suposta imanência, sem sequer se pensar no motivo, na razão, na ideologia por trás de tudo (e sempre há uma ideologia por trás).

Interessante, percebi agora que há uma coisa coincidente: enquanto as técnicas agem sobre o "corpo e a alma", o que significa uma corporação? Do latim, corporis.

Bem-vindo a este mundo de permanente vigília. De liberdade vigiada; principalmente por você mesmo.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Apple, Microsoft e a batalha de propagandas

Já havia me esquecido disso, mas acho que vale um post o terrível comercial da Microsoft sobre o grande novo produto, o Songsmith.

A julgar pelo comercial, o produto é indicado para pessoas idiotas e com sérios problemas de relacionamento social, que vivem em algum mundo entre Nárnia e Teletubbies (mais próximo do último, para honrar a memória do Lewis). Veja por conta própria e tire as conclusões:



O comercial também havia levantado um fato curioso: o uso de um macbook, ao invés de um PC. Claro que isso é interessante, principalmente porque a Microsoft gastou milhões contratando agências de publicidade nos últimos tempos para concorrer com a Apple, principalmente nas icônicas campanhas I'm a Mac x I'm a PC.



Bem, a Microsoft contratou Jerry Seinfeld - eu acho ele tão sem graça...mas tudo bem - para estrear o seu comercial junto com o simpático Bill Gates. É um dos comerciais mais sem sal (e sem sentido, e mais caros) que eu já vi:



Além de tudo...tcharam... uma boa parte da campanha recente da Microsoft foi feita utilizando softwares e máquinas da Apple!

Vai entender esse mundo...
Conforme definiu a MacMagazine...:

"Caso você seja uma daquelas pessoas que gostam de elevar a tortura ao estado de arte e premiar seus desafetos com coisas terrivelmente toscas e irritantes — que tal um DVD contendo todos os monólogos do último capítulo de A Favorita? —, então fique atento, pois a Microsoft desenvolveu a arma o software definitivo. O melhor de tudo é que, com ele, até uma menininha de voz irritante consegue compor músicas!"

Disclaimer: Não uso Mac.

DJ de papel passado

Curiosidade vinda direto da Folha de São Paulo: projeto de lei do senador Romeu Tuma (PTB/SP) quer regulamentar a profissão de DJ, exigindo para tal um diploma...

Por sinal, adorei essa parte da justificativa da senadora Rosalba Ciarlini:

"Infelizmente, os disc-jockeys (DJs) que conduzem os sons das
pistas de dança com a habilidade de quem conhece profundamente os ritmos
de danças e os efeitos sonoros que deixam o público extasiado, unindo som e
tecnologia para embalar casas noturnas, eventos e festivais não têm ainda sua
profissão regulamentada."

Para quem quiser acompanhar a matéria: PLS740/2007, no site do Senado.