Mude para o Firefox!

domingo, 12 de julho de 2009

Sorrisos controlados

Mais uma notícia interessante dos japoneses.
Saiu na BBC Brasil que o trens de Tóquio estarão equipados com detectores de sorrisos...Sim! Os funcionários serão constantemente monitorados para saber se estão sorrindo para os clientes.
Dentro da ideia de "encantamento total do cliente", novo clichê que vem tomando os bancos dos MBAs pelo Brasil, será que essa é uma medida válida?

sábado, 11 de julho de 2009

Meister Eckhart

Esse cara parece ser muito interessante. Minha curiosidade por personalidades intrigantes da Idade Média tem aumentado recentemente.
Heidegger é algumas vezes comparado a esse teólogo herege. Parece ser legal. Vou somar à lista de to do.
To on, to do, to on, to do, to on, to do....

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Ciência para marcianos

Certa vez Martin Heidegger escreveu: "a ciência não pensa". Tendo sido obviamente mal interpretado, teve que explicar isso algumas vezes para alguns doutores.
Sem entrar em detalhes referentes ao Dasein, Bestand e coisas do gênero, acho que valeria a pena ter um projeto editorial; modesto, porém suficientemente duro para passar aquilo que critico a ciência.
Esta semana ouvi a seguinte frase: a ciência é livre de ideologias.
Como vocês, meus caros leitores inexistentes, podem já imaginar, discordo em gênero, número, grau, declinação, acentuação, etc.; acho isso uma expressão que, paradoxalmente, carrega a pior das ideologias.
Em primeiro lugar, falando de onde eu estou - a Administração. Qual a necessidade que tem a Administração de ser uma ciência? Essa discussão já aconteceu há tempos no Direito, com as divergências entre H.L.A. Hart e H. Kelsen com outros notáveis, principalmente os influenciados pela Escola de Frankfurt.
Ciência, contudo, não é ideology-free. Ao negar a presença de ideologia em seu seio, a ciência afirma exatamente uma posição diversa, da existência da ideologia enquanto negação de critérios de validação que não concordem com aquilo que se deseja objetivar.
Ser uma ciência, contudo, transmite uma força, em especial na nossa comunidade ocidental. O que é científico é verdadeiro; por oposição, o que não é científico é falso, duvidoso, incorreto. Enganador. Veja o exemplo da Astronomia e da Astrologia. A primeira é científica, a segunda não é.
Não vejo haver problema na condição de validade/condição de demarcação, se o pesquisador entende que a própria posição de "neutralidade" da ciência é, em si, ideológica. Parafraseando Bertolt Brecht, é como se fosse o analfabeto político. Aquele cientista que não percebe que existe política em sua atividade nega, por vontade de desconhecer, o aspecto hiperpolítico que a ciência encerra, tanto em si mesma quanto em suas significações socialmente construídas. O que é científico é verdadeiro. Amém.
Por falar em religião, cada dia mais me convenço que a ciência é uma religião. Que é uma corporação de ofício isso eu já tenho certeza - basta entender o que significa um "mestre" na concepção medieval das corporações.
Contudo, ao longo dos últimos séculos, a ciência desenvolveu uma ojeriza pelo subjetivo. Aquilo que é subjetivo é muito bonito, interessante, romântico, etc., mas não científico. Pergunto-me se a ciência é feita por marcianos, que possuem algum tipo de conhecimento mais evoluído da realidade fática que nós, meros terráqueos. Talvez algum tipo de Dasein mais aprimorado, quem sabe?
Pergunto-me como essa mesma ciência feita por marcianos encararia a presença do ser humano. E, quem sabe, essa seja a única possibilidade que vislumbro de objetividade absoluta: quando a subjetividade humana é retirada e a análise é feita pelos marcianos.
Entretanto, os marcianos atualmente somos nós, cientistas. Sob a desculpa esfarrapada de neutralidade, de objetividade, impomos nossas crenças a priori, nos métodos e teorias previamente escolhidas e terminamos com um maravilhoso resultado.
Penso se esse tipo de ciência - burra - vale alguma coisa para a busca do conhecimento que objetiva.
Até que ponto nos distanciamos tanto do humano, chegando a não saber mais o que é? O que é no mundo factual, o to on grego. É interessante a ciência que é muito precisa em seus resultados mas que nega a humanidade de seus pressupostos?
Eu fortemente acho que não.
Ciência hoje, falando de Administração, é uma tentativa fracassada de se copiar a Física (conforme disse uma colega de turma), a objetividade-oásis desejada por todos os pesquisadores. Não adianta essa objetividade. Não seremos como a física. Seremos, contudo, mais maquiavélicos que imaginamos.
Ao primado da objetividade tem-se a destruição da objetividade. Conforme defende Heidegger, a técnica passa a ser perigosa quando percebe o homem enquanto objeto de manipulação. Para Foucault, em sua seminal análise do poder disciplinar, deseja-se obter corpos dóceis e submissos. O ser humano não é mais uma individualidade em si, mas apenas uma individualidade objetivada, transposta em números numa lista.
E, meus caros, qual a diferença disso para o deserto de emoções?
Não é essa ciência que eu quero viver, e muito menos é a que eu acredito. Pois foi por meio desses mesmos fundamentos que um certo vegetariano, baixinho e de bigode, levou o povo alemão a uma mentira que matou milhões de pessoas. Tudo formalmente correto, com a técnica executada em sua perfeição. Tudo humanamente desastroso, com um saldo de mortes que deveria desonrar a humanidade inteira, até hoje.

Artigos

Saiu o resultado da EnAnpad e, como eu já imaginava, o meu artigo não entrou. Vou reescrevê-lo e enviar para algum periódico interessante. A única coisa que me deixou meio irritado foi a economia nos comentários dos revisores. Somando os dois "pareceres", tem-se três linhas. Isso faz com que alguém que escreva para o congresso se sinta completamente irrelevante. Ao menos poderiam dar comentários que ajudassem os iniciantes a escrever melhor.

domingo, 5 de julho de 2009

Photoshop disasters

Ok, tudo bem, eu sou nerd. Mas é engraçado pra ^%@*#(@_ ver os erros de Photoshop, as aberrações que a galera produz e espalha por aí. Sou leitor assíduo do Photoshop disasters, um blog que, como o título já demonstra, dedica-se a recolher as piores peças visuais produzidas por aí.

A mais recente é uma foto horrorosa da Mariah Carey, em que fizeram um trabalho tão ruim que a mão dela ficou enorme e desproporcional, levando ao ridículo a imagem toda.

Vale a pena checar.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Big Brother watches you!

Sim! Ele chegou (se é que não havia chegado ainda).
Meus caros leitores inexistentes, acabo de ver na Reuters uma pequena nota sobre a utilização de bluetooth em um festival de rock na Europa, para mapear o movimento de seus frequentadores.
Imagino que isso seja vigilância, não? Bem, sei lá. Acho que estou ficando revoltado demais....

terça-feira, 30 de junho de 2009

POS open source

Como vocês, meus inexistentes leitores, já devem saber, sou bastante simpático às alternativas de código aberto e livres para softwares e sistemas operacionais. Ainda estou à procura de uma potente máquina com Linux aqui no Brasil, mas pelo menos já consegui migrar para o OpenOffice (tem uns dois anos e estou ótimo com ele) sem traumas.

Vi outro dia esse software de POS (existe outro de ERP) produzido pela OpenBravo. É algo fantástico. Fiz o download para testar e é muito bom. Não é mais necessário para o pequeno empresário ter que piratear outros sistemas. Esse é gratuito. Você só paga se quiser customizar algo, mas mesmo assim não acho que seja necessário. Ainda por cima já vem preparado para touch-screen, leitores de código de barra e impressoras, dentre vários outros periféricos.

A Pentaho também é uma empresa que venho acompanhando, e desenvolve na mesma linha, embora com um modelo de negócios razoavelmente diferente. Acho que vale testar. Além disso, é gratuito e legal seu uso.

Nota legal: eu não tenho relação alguma com essas empresas. O interesse aqui é basicamente jornalístico e técnico, ao mostrar opções interessantes para tempos de crise.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Pequena serenata (da balada) noturna

Gustavo chegou às 6:00 em casa - maldita lei seca, pensou.
Ainda por volta das 3:00 ele conversava com um casal, uma amiga, outro nem tanto (porém um pouco). Todo um clima - meio libertino - que pairava no ar. Se alguém era de alguém, certamente não tanto naquele momento.
De todo modo, ele parou. E viu o que não queria ver; ouviu o que não queria ouvir. Não, nada de mais. Nada tão crítico. Nenhuma doença grave ou morte certa. Nada que mudasse. Mas, de algum modo, aquilo mudou.
Viu naquele casal algo que ainda não havia sentido. Uma coisa meio esquisita. Parecia, por um momento, que aquelas duas pessoas realmente se gostavam. Estranho, muito estranho. Gostar-se, em um ambiente como o contemporâneo, é quase um crime. Mas, ainda assim, pareciam que se gostavam. E ponto.
Essa secura, essa característica autossuficiente. Algum tipo de sentimento - não o amor, aquela coisa comercial e romântica que a Coca-Cola e a Visa tentam emplacar para vender mais. Também não era a paixão, embora tivessem momentos de paixão. Mas era algo único, que existia no tempo e no espaço, mas que não existia. Era aquilo que era. E apenas isso. Autossuficiente.
E que raios era aquilo? Por que nunca havia ainda sentido aquilo pessoalmente? Sim, por que se era tão forte para ser sentido à distância, sem estar diretamente envolvido, talvez fosse algo bom.
Gustavo saiu desarmado daquele momento. Uma situação inédita. Toda a lascívia, depravação, degenerescência, o que quer que seja. Tudo isso não conseguiu, por alguns instantes, suportar. Por alguma razão, aqueles segundos entre o objeto do desejo conseguiram alterar o desejo em si. Transformou-se em algo impuro, proibido, vergonhoso.
E Gustavo foi para casa pensando, triste e feliz ao mesmo tempo, imaginando se era tão ruim assim ser uma pessoa ruim. Talvez, em algum momento, a inveja tivesse seu valor. Enquanto sentimento autossuficiente, claro.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Where wizards stay up late

Acabei de ler o livro "Where wizards stay up late", que conta a história da Internet. O livro é simplesmente fantástico. Deveria ser leitura obrigatória para todos que trabalham na área de mídias digitais.
Primeiro, porque conta muita coisa que não imaginamos. Vários dos acertos da Internet foram completamente ao acaso, claro que com uma boa dose de profissionalismo, planejamento e apoio de várias pessoas, principalmente cientistas, jovens pós-graduandos e alguns burocratas.
Vale por ver que a ARPANet, antecessora da Internet, não foi criada pelo medo de um ataque nuclear, mas que um artigo que falava sobre sobrevivência de redes em um ataque nuclear foi chave para o seu design (o artigo do Paul Baran, da RAND).
Vale por ver que essa coisa toda de Web 2.0 não é nada mais que muito que já existia, ainda em 1975, com os Requests for Comments.
Vale, portanto, por ser História. E por evitar que se digam as homéricas bobagens que se dizem por aí. Recomendo fortemente.
Agora começo a ler o Diffusion of Innovations, do Rogers - mais um daqueles livros que todos citam sem sequer terem lido.......

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Twitter e Michael Jackson

A inesperada morte do popstar Michael Jackson mostra como uma mídia emergente como o Twitter pode ser incrivelmente mais rápida que as redes tradicionais.
Talvez um dos mais valiosos instrumentos ali seja o trending topics. Vale a pena conferir.
Abraços,

domingo, 21 de junho de 2009

Michel Foucault, reloaded

"O exame, cercado de todas as suas técnicas documentárias, faz de cada indivíduo um caso: um caso que ao mesmo tempo constitui um objeto para o conhecimento e uma tomada para o poder. O caso não é mais, como na casuística ou na jurisprudência, um conjunto de circunstâncias que qualificam o ato e podem modificar a aplicação de uma regra, é o indivíduo tal como pode ser descrito, mensurado, medido, comparado a outros e isso em sua própria individualidade; e é também o indivíduo que tem que ser treinado ou retreinado, tem que ser classificado, normalizado, excluído, etc."

Michel Foucault: Vigiar e punir. Rio de Janeiro: Vozes, 1987. Página 159.

Comecei esse post com essa citação do Foucault principalmente motivado pela publicação de uma notícia que, embora não seja uma novidade no sentido estrito, me assusta pelo novo caráter de aceitação inconteste.
Trata-se da reportagem Empresas pões saúde como meta para dar bônus, da Folha de São Paulo.
Nela, são descritas as empresas que vinculam parte da remuneração variável de executivos não mais apenas ao atingimento de metas financeiras ou operacionais. Melhor dizendo, são operacionais sim, só que agora de uma outra máquina, que é o corpo humano em si. Além de aumentar o market share em x%, você deve reduzir o seu colesterol em y%.
Em uma análise prévia, parece ótimo, não?
Acredito que não. No fundo, acho que é uma das coisas mais assustadoras que eu vejo atualmente.
Pois bem: se eu quiser ter um estilo de vida sedentário, o que que alguém tem com isso? Se eu não estiver afim de comer coisas light ou então de regular minha alimentação? Sério, fora eu mesmo e, no máximo, algumas pessoas do meu círculo mais próximo de amizades, o que que uma empresa tem com isso?
Acho simplesmente um absurdo ter esse tipo de vinculação; tal medida, na minha opinião, é uma flagrante invasão da empresa no campo mais pessoal, que é o da saúde. Uma tentativa grotesca e assustadora de controlar a vida nos seus mais íntimos detalhes.
Já não chega dar blackberry para todo mundo? Agora vai ser o que? Colocar medidores no corpo dos executivos para avaliar o cumprimento das metas? Instalar GPS nos carros particulares dos caras pra saber como eles estão se divertindo? Instituir uma meta para a executiva vinculando o rendimento às notas dos filhos na escola?
Será que isso só parece absurdo para mim?

sábado, 20 de junho de 2009

Novos Ph.D.s

Um dos melhores textos acadêmicos que já li até hoje é, para minha surpresa, de um jovem Ph.D., de uma área que não a minha e sobre um tema dificílimo. Chama-se David Waddington.

Provavelmente vocês, meus inexistentes leitores, sabem que estou tentando atualmente entrar profundamente nos pensamentos (que bonito, né?) de um filósofo alemão chamado Martin Heidegger, acerca da questão da técnica. E esse moço, que deve ter seus 30 anos, escreveu uma peça sensacional, de uma clareza e simplicidade estética incrível, porém com uma profundidade inimaginável.

Vale ler, pelo menos para quem é curioso sobre Heidegger. Mas quero deixar uma luz de felicidade que bateu em ver que ele é bem novo. Tomara que um dia eu tenha essa capacidade.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O diploma de comunicação social (ou "Acerca dos compartimentos científicos e das corporações de ofício")

Caros e inexistentes leitores,
venho acompanhando com relativo interesse essa confusão toda relativa ao fim da exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista.
Talvez alguns de vocês (meus inexistentes colegas) lembrem que um dos meus primeiros posts foi sobre o projeto de lei para regulamentar a profissão de DJ.
Sou advogado - bacharel em Direito e aprovado naquela simpática prova da OAB. OK, pois bem. Contudo, por alguma razão mística do destino, acabei seguindo a área de tecnologia, misturada com a comunicação. Bem, acho que é isso, a não ser que outra pessoa consiga dizer onde se enquadra "Novas mídias".
Esse é o problema.
Desde a chamada Revolução Científica que se colocou no imaginário ocidental a idéia que é possível dominar o conhecimento, buscando-se a verdade (ah! a verdade, que maravilha...) através do método científico. Então, como de uma hora pra outra, o estudo das relações monetárias entre países deixou de ser um ramo da política propriamente dita - daí o nome original de "Economia Política" na época de Adam Smith - para ser alguma coisa mística chamada de Economia.
O ser humano é estritamente racional e se comporta dessa forma quando decide. Bem, pelo menos é isso que se dá como pressuposto de quase todas as teorias econômicas.

O conhecimento vira algo dividido em compartimentos, e dessa forma é estudado. Claro que em algum momento ia entrar na cultura popular essa idéia que Política é completamente diferente de Engenharia, por exemplo.

Bem, falo isso porque acho que o princípio é o mesmo. Ainda sob a égide do mesmo princípio que dominou as corporações de ofício da Idade Média, as profissões se organizaram no Brasil sob castas, que dominam a produção e a legitimação do conhecimento.
Acho que as únicas profissões que deveriam ser regulamentadas são as relacionadas à área médica: medicina, enfermagem, fisioterapia, educação física, psicologia, nutrição, etc., exatamente pelo seu caráter de potencial dano à saúde do indivíduo, o que não tem como se controlar de outra forma.
Mesmo como advogado, acho que, embora a OAB tenha sua importância (grande, por sinal), o exercício da advocacia não deveria ser restrito aos bacharéis em Direito, assim como o exercício da Administração não deveria ser restrito aos bacharéis em administração e, em última instância,
o exercício da Comunicação não deveria ser prerrogativa exclusiva de bacharéis em comunicação.
Não que as faculdade sejam inúteis, pelo contrário; se o são, é por problema estrutural dos currículos no Brasil. Contudo, cada vez mais vejo que o Direito se torna um mero instrumento para se atingir o concurso público. Discussões sobre justiça, liberdade, igualdade, etc, passam longe, pois não caem nas provas. Chega-se ao cúmulo de colocar como mais importante saber qual a doutrina infinitamente minoritária escrita em um livro de baixa vendagem por um desembargador apagado intelectualemnte mas que pertence à banca examinadora (que, por uma miraculosa coincidência, passa a vender bastante) do que qual o conceito de Bem em Platão e qual a influência disso na nossa concepção de justiça contemporânea.
O problema em torno do fim do diploma para o exercício do jornalismo é, na verdade, a ponta de um outro iceberg, a saber: a completa inutilidade da maior parte dos órgãos de classe que, sendo inúteis, não mais justificam esses modelos arcaicos de corporação de ofício.

Assusta-me (divertindo-me, contudo) ver que o debate tem se concentrado no argumento de "a profissão de jornalista é muito importante e não pode ser comparada com a do cozinheiro" do que propriamente o lado mais estrutural, profundo, que reflete as mudanças na sociedade.

Conforme sempre digo aos meus (existentes) amigos: mudança, pensar 'fora da caixa', sinergia, trabalho em equipe, pró-atividade, etc. Tudo isso é lindo na teoria e é bonito em papo de RH e mesa de bar. Contudo, no cotidiano, conheço pouquíssimos que não sejam avessos às mudanças. De fato, muitos vão tentar conformar a realidade aos seus preconceitos, que vão continuar pensando o mundo como composto por diferentes compartimentos, vai adorar trabalhar em equipe desde que 'o seu' esteja garantido e adorará pró-atividade, desde que não necessariamente deva começar com ele.

Der Übermensch.

Por isso eu acho que certos paradigmas precisam ser mudados. Até porque sem mudanças a coisa fica muito chata e monótona.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Salário dos servidores em São Paulo

Para se ter uma ideia de prioridades públicas:

Adriana Rulli - Procuradora do Município II - Remuneração bruta: R$ 30.386,40 (sim, mensais)
Magda Gonçalves Colletes - Procuradora do Município II - Rem. bruta: R$ 26.524,08
Débora Rodrigues Moura - Professora do Município (ed. infantil e fund.) - Rem Bruta: R$ 2.065,03
Sidnéia Souza da Silva - Assistente de Gestão de Políticas Públicas I - Rem. Bruta: R$ 2.760,62

Nada mais a dizer, como poderia ter escrito o Samuel Beckett.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Blog da Petrobras

Interessante essa confusão toda em torno do blog da Petrobras.
Não havia ainda visto um blog corporativo ser tão direto e rápido na elucidação de suspeitas levantadas pela imprensa. A pessoa que teve essa idéia realmente foi inspirada.

Fica, contudo, a questão de "furar o furo" jornalístico que, no fundo, é o que se está falando.
Imagino que tenha dois lados a questão.
É, por um lado, bom, porque mostra a posição da empresa de forma rápida, aproveitando (finalmente!) a Internet e as tão faladas ferramentas de Web 2.0 para fazer a informação chegar a um público. Ainda é bom porque faz com que a imprensa tenha que repensar um pouco a posição de relativo poder que se encontra e que, correntemente, é utilizado de forma excessiva.
Por outro, é ruim. A Petrobras quebra uma das principais relações tácitas entre o jornalista. Ao contrário do que se fala, isso não é sigilo de fonte. É algo que, no meu ver, é mais delicado. Entrar em contato com a parte "acusada" antes da publicação é uma forma de dar possibilidade de defesa ou de apresentação da versão oficial. Ao publicar no blog antes dos jornais, acredito que no médio prazo os jornalistas possam se sentir desestimulados a procurar o outro lado para averiguações.

Mas, não nos esqueçamos: o jornalismo brasileiro ainda vive num limbo. Não entendo por que não saem logo do armário. Todo mundo tá careca de saber que a Veja é uma revista bastante à direita, enquanto existem várias outras para esquerda - e algumas em algum lugar desses. Por que não assumir logo ao invés de passar uma imagem de imparcialidade? Bem, vai saber....

Essa CPI da Petrobras é outra coisa de louco. Começou esquisita, desenvolve-se esquisita, deve terminar em pizza, como a maior parte das outras. O governo tem maioria. Mesmo que fosse um governo da atual oposição, o efeito pizza seria idêntico, pois no Brasil a agenda é dada pelo Executivo, não pelo Legislativo.

A única coisa que me recuso a fazer é entrar num frenesi ufanista ao defender a Petrobras, como vejo muitos fazendo em seu blog.
1) A Petrobras é do Estado brasileiro, não desse governo ou de outro. Assim, ela não é do PT ou do PSDB ou PMDB - embora seu uso político seja evidente, o que é ruim;
2) A Petrobras é, e continuará a ser, uma empresa, capitalista (bem capitalista), de uma das áreas que mais polui e que ganha rios de dinheiro.
3) A Petrobras é uma empresa - não confundir a pátria brasileira com uma empresa, que tem uma agenda muito diferente do Estado. Alguém acha que a principal motivação de uma empresa é o engrandecimento da pátria, no lugar de lucros? Acorda. O petróleo chega (refinado, claro) até nós por um preço absurdo, abusivo. A Petrobras, embora invista muito (mas muito mesmo) em cultura e outros projetos, é tão pragmática quanto qualquer outra empresa. Se ela não quiser o lucro que vire uma ONG (sem conotações negativas, ok?), mas não vem com essa de empresa legal e simpática (com capital em bolsa?!...) defensora dos fracos e oprimidos.

Portanto, me recuso a levantar bandeira de qualquer empresa em nome de uma "soberania" ou "patriotismo". Levanto a bandeira de uma pátria, sim, que é o Brasil. Mas a Petrobras continua sendo uma empresa brasileira, uma multinacional brasileira que, como vimos, é tida por muitos hermanos como uma imperialista.

sábado, 13 de junho de 2009

Para além do bem e do mal

Homenageando Nietzsche com esse título, tento expressar, de modo não acadêmico (enfim!) um pouco do que eu sinto. Acho que vou até mandar isso aqui para o Gui Zarvos...

Aceso, apagado, aceso, apagado
Intermitente
Estado do meio que não se sustenta
Aceso, apagado, aceso, apagado
Bing, bing, bing

Repetições anacrônicas
de versos que não mais são atuais
Atualizados à exaustão
Então, sendo assim,
volta ao início

Pax
Pax
Libera me Domine, de morte aeterna, in die illa tremenda
(quando coeli, movendi sunt et terra)
Cantou-se uma vez
Numa língua morta
Para os mortos
Pelos mortos

Aceso, apagado, aceso, apagado
preso num mar de ignorância
causada de forma retroativa
Ativa para algumas coisas
Relativa para outras

Aceso, apagado, aceso, apagado
Intermitente,
É o estado do meio que não se sustenta
E que vá ao inferno Aristóteles
E apenas sobre seu tratado sobre a Comédia
Que, da Poética, é exatamente aquilo que não sobrou

Aceso, apagado, apagado, apagado
Outrora intermitente
Estado do meio que agora deve desaparecer
Requiem, requiem, requiem

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Mais Platão, menos Prozac

Consigo, atualmente, ficar cada vez mais imerso nesse mundo esquisito que é o da Administração de Empresas. Confesso que não entendo muito bem o que faria a Administração ser tão independente assim de um outro campo, como a Sociologia, já que, no fundo, a unidade básica coincide em vários momentos - a organização.

De fato, quando alguém da área é indagado acerca da fundamentação de suas crenças, em geral se esquiva da pergunta.

Sob a desculpa de ser uma ciência pragmática (o que quer que isso signifique), a Administração se deu ao luxo de não procurar uma fundamentação filosófica para aquilo que faz. Melhor. Sob a mesma desculpa acredito que muitos acadêmicos sequer pensaram nisso.

Existe um verdadeiro movimento positivista retrô, que tenta impor uma visão mecanicista de mundo aos demais. Pois bem. Isso chegou uns 70 anos atrasado.

Tal discussão já era subjacente ao Círculo de Viena, com intelectuais do porte de Carnap e as influências críticas de Wittgeinstein e Popper. Por outro lado, discutia-se também na chamada Escola de Frankfurt. Particularmente, tenho bastante simpatia por esta última, lar intelectual de figuras como Horkheimer, Adorno e Benjamin.

Existe ainda um outro movimento, dentro desse retrô, que insiste em ver a sociedade de uma forma estruturalista, porém não o estruturalismo filosófico, mas sim algo ligado ainda à primeira onda da cibernética. Bem, isso está uns 50 anos atrasado.

As discussões que são tidas atualmente, especialmente na Academia brasileira, parecem pautadas por uma agenda intelectual de meio século atrás. Norbert Wiener e amigos ficariam bastante orgulhosos em saber que suas idéias ainda são discutidas, de forma ferrenha. Talvez, contudo, não gostassem do fato de nem se saber ao certo quem é Norbert Wiener quando se discute aquilo que ele influenciou - e muito - a Administração.

Quando falo atrasado, não o digo num sentido dicotômico inferior/superior. Tendo a pensar do modo antropológico, apenas como uma evolução no tempo. A discussão é atrasada porque, efetivamente, já foi realizada à exaustão há muito tempo.

Esse, portanto, é o problema de não fundamentar o estudo, de não conhecer as bases filosóficas daquilo que se faz. A discussão pretensamente teórica fica no plano do "dito pelo não dito", enquanto intelectuais medíocres acham que descobriram a pólvora.

Como diria aquele famoso livro de auto-ajuda, cujo título é inspirador: mais Platão, menos Prozac.

domingo, 31 de maio de 2009

Nunca subestime o poder da Microsoft (e do Google)

Num tempo em que no Brasil já se começa a falar sobre os potenciais perigos de se ter uma empresa com tantos dados sobre nós (como o Google, que sabe toda nossa rotina de E-mails e relacionamentos via Orkut ou a Microsoft, que tem todos os nossos contatos no MSN), é interessante que o grande debate ainda esteja longe de ocorrer.

Por mais que o tema tenha sido introduzido na pauta, acho que ainda subestimam o poder de tanta informação reunida sobre tanta gente. Conforme bem definiu o Luli Radfahrer, o modelo de negócios do Google é relativamente simples: eu (Google) te dou algo que individualmente é caro, por zero - como um GMail, peço em troca algo que não tem valor individualmente, mas que de modo agregado vale muito e faço um lock-in. Simples. Práitico. E, como adoram dizer os estatísticos, elegante.

sábado, 16 de maio de 2009

Viva a auto-ajuda!

Estrutura dos textos de auto-ajuda: se p, então q (faça assim que você será feliz)
Estrutura dos textos de Administração: se p, então q (use este modelo para ter sucesso)
Estrutura dos textos de Física: se p^q, então r (tal experimento nas CNTP dá esse resultado)

Será que desde Aristóteles ninguém consegue pensar diferente?

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Método, método, método

Passando pela livraria aqui do aeroporto Santos-Dumont, no Rio, percebi que a maior parte dos títulos são de auto-ajuda espiritual ou empresarial. Livros do naipe de Machado de Assis, Graciliano Ramos ou mesmo o grande Monteiro Lobato, qualquer coisa do estilo, sequer existiam. Mas haviam várias edições do "Os sete hábitos das pessoas altamente eficazes", o "Oitavo Hábito: da eficácia à grandeza" e toda a (imensa) família da franquia "pai rico".

Enquanto isso, no meu doutorado, cada vez mais me convenço que a Administração não tem, efetivamente, como se queixar da alcunha de "ciência menor" que outros campos - como a Economia, Engenharia ou Comunicação - lhe dão. As discussões são muito mais ligadas aos modelos que propriamente aos seus fundamentos. Tem vezes que o doutorado parece uma grande aula de MBA.

Hoje em dia sou da área de Administração (ou Management, se você prefere falar em Inglês), embora minha formação original seja em Direito. Sou advogado, inclusive.

Queria ter visto mais discussões sobre epistemologia. Sinceramente. O que vi foram pitadas do pensamento do Thomas Kuhn aqui, pitadas das idéias de Karl Popper ali, alguma menção ao Bacon e nada do Feyerabend, por exemplo.

Não sei por que dessa fixação do pessoal de Administração em ser considerada uma ciência. Parece que estão vivendo agora o que o Direito viveu com Hans Kelsen e H.L.A.Hart há algumas décadas e que a Sociologia já superou razoavelmente também.

O meu problema é basicamente esse. Se você quer ser uma ciência, ótimo! Que seja! Adote o pacote completo. Método, fundamentos, etc... O que "pai rico, pai pobre" mostra pra mim é que há uma tentativa de mostrar modelos poéticos sob a forma de científicos.

Ahhhhhhhhhhhh

Que raiva.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Você está sendo filmado para sua segurança

Depois da polêmica idéia de instalar o GPS em todos os carros novos do Brasil, acho que vale a pena falar um pouco sobre essa coisa de georreferenciamento.
Hoje em dia se coloca muito a noção que privacidade é algo oposto à segurança. Como dizem aquelas frases idiotas: "você está sendo filmado para sua segurança" (de quem?).
Topei com uma notícia dos EUA falando sobre algo interessante; acerca da possibilidade de a polícia realizar o seu monitoramento com GPS sem ter um mandado judicial para tanto. Os EUA podem ter todos os problemas do mundo, mas acho que nesse ponto eles criaram uma jurisprudência constitucional bastante rica. Nesse caso, gira em torno da quarta emenda. Essa, por sua vez, tem origens na Magna Carta inglesa de 1215, que é um dos primeiros documentos jurídicos a garantir algumas prerrogativas ao cidadão contra o Estado (mas não se esqueça que nem todos eram cidadãos e que não existia exatamente um Estado ainda).
A Constituição brasileira também incorporou esses direitos.
Contudo, como todos sabem, a CF é muito bonita no plano teórico, mas sua implementação ainda deixa a desejar. Existe uma cultura muito ruim, que é ligada à idéia maquiavélica dos fins justificados pelos meios - embora Maquiavel talvez não queira ter dito exatamente isso. Por isso que muitos sequer se importam com determinadas instituições distorcidas que temos aqui no Brasil, como as milícias (que no início foram saudadas como algo ótimo que ia acabar com o tráfico), a pena de morte efetiva que governa o ethos das forças de segurança, o baixo salário/treinamento das mesmas forças de segurança, os governos ineficientes, os deputados corruptos, etc. Tudo isso é tido como algo normal.

Por um lado, isso me deixa assustado, lembrando das lições de Hannah Arendt acerca da banalidade do mal. Por outro, acho que é mais ainda que isso, podendo ser dito que há uma banalidade de tudo, um conformismo generalizado, um desânimo compensado pelos freqüentes carnavais. Catarses programadas.

Retomando o tema do GPS, eu acho particularmente um absurdo que esse dispositivo venha de fábrica. Eu acho um absurdo alguém (seja uma empresa ou seja o governo) ter nas mãos as informações sobre o que fazemos ou deixamos de fazer.

Continuo em breve isso aqui.

Abraços

terça-feira, 12 de maio de 2009

Não ao projeto do Senador Azeredo




Sim, ele é do meu partido. Como vários de vocês sabem, sou tucano de papel passado, participando o PSDB aqui no Rio de Janeiro. Mas, ao contrário do que algumas pessoas pensam, ser de um partido não é ser de uma seita.
Tenho sérias divergências quanto ao projeto do Senador Azeredo, que teoricamente visa regular a Internet. Todas essas iniciativas para "regular" a Internet são meio polêmicas, principalmente da forma que estão dispostas.
Como advogado (ainda por cima da área de Direito Constitucional e Legislativo), consigo ler essas coisas enroladas. Se alguém tiver alguma dúvida manda um reply que eu tento "traduzir" algum termo técnico do projeto. Um bom site sobre isso é o da SaferNet, que contém inclusive uma espécie de clipping sobre o projeto.

Vale a pena olhar o blog do Prof. Sergio Amadeu (FCL/SP), que contém várias informações interessantes.

sábado, 9 de maio de 2009

Sobre o workshop no curso de Formação

Conforme já havia comentado com vocês, meus inexistentes leitores, não sabia exatamente se o pessoal lá do formação Coppead havia entendido exatamente o que eu havia falado.
Acabei de receber o feedback. Mais confuso impossível.

Vou transcrever as respostas que recebi:

1. Não fala de maneira clara. Não se preocupou em deixar de falar termos
técnicos que o publico não entendia. Não conseguiu prender a atenção.
Palestrante confuso.
2. Achei a palestra muito interessante e o palestrante extremamente
competente na didática e conhecimento do assunto. Poderia ser o professor
da matéria Mkt Digital.
3. Excelente iniciativa. Grande palestra!
4. O palestrante teve dificuldade em passar conceitos relativamente simples e
não teve o controle da turma. Acho que faltou experiência de falar em
publico, mas o tópico é muito interessante e deveria ter sido melhor
aproveitado apresentando algumas técnicas que são utilizadas no mercado
como ferramentas de marketing, e não sites legais somente. Gostei muito
do caso, que representava justamente isso, mas não foi muito explorado.
Gostei muito das indicações de livro para leitura sobre o tema!
5. Professor com uma prepotência curiosa. Domina muito o assunto, passa
satisfação com o tópico, mas não percebi muita destreza em levar a turma a
uma melhor discussão a respeito do que era apresentado. Gostei do
conteúdo e procurei conversar durante a aula, mas não achei integrado com
a turma. Bom professor, bom assunto, “aula” poderia melhorar (participação
dos alunos e destreza do palestrante).
6. Muito bom palestrante e demonstra muito conhecimento.
7. A palestra surpreendeu minhas expectativas. O Pedro prendeu atenção da
turma e as trocas foram enormes, fazendo da palestra um bom bate papo
ampliador de conhecimento.
8. Não foi passado nada de diferente. O palestrante tinha um ar de
superioridade e usa termos técnicos que muitos desconheciam.

Em relação a:

1. Concordo. Poderia ter sido mais claro. Mas, se você faz a especialização em mkt e não entende alguns termos técnicos específicos da área, duas opções: pergunte qual o significado ou então veja na Wikipedia. Quando falei de Twitter metade das pessoas não tinham a menor idéia do que era. Sendo que havia passado uma mega reportagem no Fantástico sobre isso há uma semana. Se alguém ali pretende ser gestor de mkt, é bom inciar lendo os jornais.

2. Fico grato pela consideração. Embora ache que o prof. de mkt digital seja muito bom, reconheço que temos divergências quanto à abordagem do tema. Contudo, ele é muito mais experiente que eu.

3. Obrigado!

4. Reconheço. Tive dificuldades em passar conceitos simples. Vou ver se melhoro nisso. Não tive muito controle da turma, é verdade. Tento não me impor muito, mas acho que deveria ter expulsado de sala aquela garota que ficou trocando SMS com o colega no meio do workshop. Poderia ter passado algumas técnicas, verdade. O caso me daria base para isso. Contudo, perguntei sobre o caso para umas 5 pessoas aleatórias e ninguém leu porcaria alguma. Passei horas traduzindo aquele caso e o pessoal simplesmente desdenhou. Espero que no mercado de trabalho não façam isso com um briefing de um chefe, pois senão estarão todos demitidos. Fico feliz que tenham aproveitado as indicações de livros, são realmente bons.

5. Fiquei intrigado com a "prepotência curiosa". Tenho que melhorar isso, urgentemente. Vai ver que essa imagem que eu tento passar de pessoa legal não está dando certo. Vou acatar o conselho e praticar mais falar em público.

6. Obrigado. Era um pouco do que queria passar.

7. Agradeço imensamente, embora seja razoavelmente contraditório com outros comentários. Imagino que essa pessoa tenha se preparado antes da aula (pelo menos lido o caso).

8. Fico com medo dessa afirmação. A pessoa deve trabalhar na Frog ou então da Giovanni + DRAFTFCB, para conhecer todos os detalhes das mídias emergentes. Na próxima vou tentar explicar melhor todos os termos técnicos, já que parece que foi o ponto fraco do workshop. Tenho que melhorar essa imagem de superioridade....

No overall: depoimentos contraditórios, mas fiquei acima da média, segundo as avaliações. Vou tentar melhorar. Aos alunos: boa sorte na vida profissional. Os únicos problemas da turma de vocês:

a) troca insistente de SMS na sala de aula. Isso irrita profundamente e demonstra uma imaturidade da parte de vocês;

b) falta de preparação prévia. Se alguém ali pretende fazer uma pós graduação séria, isso é ponto crítico e mortal. Se fosse um curso stricto sensu já estariam reprovados ou algo quase como isso. Além de ser uma falta de consideração comigo, que passei algumas horas traduzindo um texto americano e pedindo autorização de uso - quase ninguém leu.

c) falta de conhecimento de alguns termos técnicos. Embora reconheça que peguei pesado em algumas coisas (como hipertexto, emergência de mídias, etc.), em outras parti do pressupostos que vocês sabiam, como Twitter, Last.fm, etc. Não há desculpa. São futuros gestores de mkt. Não vão chegar muito longe se não começarem a procurar informações sobre o mundo que os cerca.

d) modelos. Poderia ter dado os modelos existentes de métricas digitais. Um problema apenas: eles não são confiáveis ou sequer existem. Nesse ponto, posso fazer que nem a PUC, que dá o modelo das 5 forças do Porter como algo extremamente inovador e válido. Quem conseguir criar uma métrica confiável está empregado, ganhando um bom dinheiro.

De resto, estou disponível para quaisquer dúvidas que restaram.

Abraços

Pedro

terça-feira, 5 de maio de 2009

Censura, ainda no presente

Hoje a Folha de São Paulo noticiou que os muitos dos documentos que poderiam revelar a verdadeira história do Brasil ao longo do século XX foram mantidos como "ultrassecretos" - ou seja, quem espera vê-los terá que torcer para que algum presidente mude isso ou então para que algum hacker os disponibilize. Ser ultrassecreto significa que o sigilo é eterno. Isso mesmo. E como diria em uma estória, e viveram escondidos para sempre.

Para se ter uma ideia, o sigilo da lista de indicações do Prêmio Nobel dura 50 anos. E isso porque lá mostra quem sugeriu o nome de quem.

Como advogado da área constitucional (ainda por cima) que sou, acho um absurdo toda essa coisa de sigilo. Entendo que o Estado (veja bem, o Estado, não o Governo em si) tenha determinadas matérias que devam ser secretas ou quase isso. Energia nuclear, detalhes de fabricação do papel-moeda, coisas assim, críticas. Mas duvido que a quantidade imensa de detalhes que existem nesses documentos censurados sejam relativas a algo crítico.

É bem mais provável que seja algo no estilo demonstração de poder que propriamente a segurança do poder.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Mintzberg sobre gestão

Como vocês, meus caros leitores inexistentes, devem ter percebido, eu fiquei fora escrevendo esse ensaio lá pra mandar para o EnANPAD. Espero que seja aceito... Se for, coloco aqui em .pdf

Segue um link interessante, entrevista do Henry Mintzberg para o The Globe and Mail, do Canadá.
Vale a pena dar uma lida...uma análise sincera sobre a crise americana.

terça-feira, 14 de abril de 2009

A Web 2.0 segundo a McKinsey

Esse é o título de um artigo que quero mandar para o EnANPAD, o encontro do pessoal da pós-graduação em administração.
Toda a idéia surgiu depois que eu li um artigo na McKinsey Quarterly com o título "Seis maneiras de fazer a Web 2.0 funcionar". Como muitos sabem, a McKinsey é uma das mais poderosas e importantes consultorias de estratégia empresarial no mundo. Assino a Quarterly (a maior parte é gratuita) e sempre tento ler, principalmente porque dá alguns insights interessantes quanto ao mercado.
Contudo, ficou a dúvida: como eles chegaram a essas "seis maneiras"?
Então, como eu sou uma pessoa chata e irritante, resolvi basear todo o meu artigo nisso. Estou analisando a estrutura do artigo deles e checando se há base conceitual factível para as sugestões (ou imperativos, como eles chamam).
Está bastante interessante, pelo menos por enquanto. Tem se revelado um exercício muito bom. Tomara que seja aceito no EnANPAD.

sábado, 11 de abril de 2009

Ainda a tecnologia do Joost...

Gosto bastante do YouTube e respeito o seu poder de fogo no que tange à massa crítica que conseguiu nesses últimos anos, firmando-se como uma referência (a ponto de o Google nem trocar o nome do serviço, como faz com outros).
O Joost, que é um tipo de YouTube mais restrito (mais no sentido de uso e não de produção de conteúdo), continua sendo o meu predileto por algumas razões:
1) ele tem muito conteúdo musical, de vários estilos, de modo legal e seguro;
2) a qualidade da conexão geralmente é boa;
3) a qualidade visual dos vídeos é excepcional (realmente, muito melhor que a do YouTube);
4) possui vídeos longos (como concertos inteiros, por exemplo);

A grande escolha que se provou equivocada, feita pelo pessoal do Joost, foi de inicialmente usar uma plataforma nos moldes de um software baixado. Infelizmente, esse é um meio que muita gente trava na hora de migrar. O YouTube foi mais esperto e focou no streamingdireto do que todo mundo que acessa a Internet tem: um navegador.

Há mais ou menos um ano, se não me engano, o Joost corrigiu esse percurso estratégico e adotou o streamingdireto de seu site. Vale a pena checar.

<a href="http://www.joost.com/0820099/t/Panic-At-The-Disco-I-Write-Sins-Not-Tragedies-Video">Panic! At The Disco - I Write Sins Not Tragedies (Video)</a>

<a href="http://www.joost.com/074000c/t/Mozart-Klavierkonzert-Nr-13-in-C-Dur-KV-415">Mozart, Klavierkonzert Nr. 13 in C-Dur KV 415</a>

domingo, 5 de abril de 2009

A lei de imprensa

Na discussão sobre a lei de Imprensa, se ela está ou não em desacordo com a Constituição de 1988, vale a pena checar alguns arquivos recentemente disponibilizados ao público. No meu tempo livre, tenho hábito de ler as coisas mais diversas e improváveis, como algumas atas do período pré AI-5, do Conselho de Segurança Nacional.

Como se sabe, a Lei de Imprensa está em discussão no STF. Eu, particularmente, acredito que ela é flagrantemente inconstitucional, tendo perdido a sua validade com a promulgação da Carta de 1988.

O senhor Almirante-de-Esquadra Augusto Hamann Rademaker Grünewald, então Ministro da Marinha, dá a sua opinião sobre a utilidade da Lei de Imprensa:

*grifos meus, pp.14-15, ata da reunião de 11/07/1968, disponível aqui*

"(...) Os congressistas têm imunidades, mas essas imunidades são tais que sobrepujam a Segurança Nacional? Acho que a Segurança Nacional está acima de qualquer imunidade. Houve uma demonstração em Brasília, como acabou de ser relatado, nós mesmos presenciamos Senadores e Deputados abraçados a subversivos e nada aconteceu. Nenhum de nós tomou providências para que isso fosse obstado. Eles continuam a agir, os cassados e os enquadrados nos Atos Institucionais aí estão, às soltas, publicando, com nossa anuência coisas contra o governo.
No entanto, os meios para as sanções estão disponíveis. Não relatarei mais nada. Creio que a ação não é propriamente de estudantes, é apenas subversivas, que podemos combater pelas leis. Dentro da Lei, nós podemos combater tudo, antes de qualquer medida excepcional. A Lei de Segurança, a Lei de Imprensa, estão disponíveis, talvez o processamento longo impeça suas aplicações. Acho que nós poderemos obviar esses inconvenientes e aplicar aquelas leis com o rigor que merecem, tanto as ações desses estudantes como a desses subversivos. (...)"

Felizmente as forças armadas hoje têm uma concepção muito mais constitucionalista e os tempos são outros.

Mas fica muito difícil defender uma lei que foi criada com o propósito puro e simples de repressão à liberdade de opinião e a consequente manutenção da censura, agora pensada sob o ponto de vista da Constituição de 1988.

Talvez seja apropriado lembrar o discurso do Ulysses Guimarães: "temos ódio e nojo à ditadura!"

sábado, 4 de abril de 2009

Palestra do Coppead

Acabei de voltar lá da Escola de Guerra Naval, numa localização idílica na Urca. Fui proferir uma lecture introdutória com o título "Marketing em plataformas digitais", para o pessoal do curso de formação - ou seja, no final da faculdade ou com pouco tempo de experiência profissional.
Foi uma experiência interessante, pois não tenho muita prática nisso (estou mais acostumado a ser sabatinado por uma banca, perguntando detalhes como notas de rodapé, tal qual minha dissertação). A turma parece ser boa, só não sei se consegui alcançar o âmago da questão.

Redes sociais são coisas complexas. Assim como o ser humano é complexo. No fundo, resume-se a questão em uma análise muito mais psicanalítica (relacionada a medos, frustrações, receios, etc.) que propriamente o conceito.

Há vários caminhos para abordar o tema. Óbvio que seria muito mais fácil apontar quatro ou cinco modelos para as redes sociais. Inclusive uma aluna abordou isso: como medir? Realmente...é o x da questão. Não existem métricas que (pelo menos no que acredito) traduzam corretamente a essência das redes sociais. O conceito de ROI, metas, etc., que no cotidiano do Marketing são dados essenciais, ficam extremamente prejudicados.

Por exemplo: como vou medir a "eficácia" do Twitter? Como ter metas em blogs? Tipo...falo métricas efetivamente com consistência, não coisas jogadas ao ar. Ela me informou algo interessante, que alguns players brasileiros (cariocas, especificamente) já estão nesse processo de criação das métricas para essas novas redes. Tenho minhas reservas, claro, mas acho que é um passo importante nesse sentido. Vou pesquisar sobre isso. Acho que vale até escrever um ensaio sobre essa lacuna metodológica.

Como sou partidário dos pós-estruturalistas (mesmo que muitos recusem essa denominação), tenho sérios problemas com essas coisas de "7 métodos infalíveis", principalmente se estamos tratando de pessoas, não de íons em uma escala.

No fundo, tentei mostrar durante duas horas que o problema a ser investigado é muito mais no aspecto do momento do "consumo" da informação que propriamente a plataforma. Comete-se rotineiramente esse desvio. São aplicados modelos que até funcionam bem para um jornal impresso, por exemplo, de modo inadaptado, uma transliteração, um transplante, direto para outros meios. Pensar a mídia é uma tarefa complexa, porém muito boa e que recompensa.

Espero que o pessoal tenha gostado; sinceramente, não sei se agradei. Mas pelo menos acho que a reflexão acerca do conceito de mídia em si (principalmente em plataformas digitais) foi colocada como uma questão relevante.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Sistemas

Peço perdão os leitores do meu blog pelo desaparecimento, mas prometo que tentarei ser mais atuante aqui.

Estava pensando no carro agora sobre uma coisa interessante. Talvez influenciado (demais) pelas leituras do meu ídolo Foucault, correlacionei o seguinte: antigamente, quatro carreiras eram valorizadas pela família tradicional brasileira: médico, engenheiro, advogado e padre. Qualquer coisa que não se enquadrasse em alguma dessas era meio exótica ou ainda inaceitável.
Vejamos.
O médico representa a personificação das estruturas de poder relacionadas à manutenção da vida (lembrar da biopolítica aqui); o engenheiro, o poder relacionado ao domínio dos sistemas de construção (porque a arquitetura serve a um fim político, sim); o advogado, o poder relacionado aos tribunais e interpretações legislativas (ou seja, limitações da liberdade) e o padre, last but not least, relacionado ao poder espiritual.
Não se discute muito a questão do religioso enquanto conexão com o divino, mas sim da instituição que representa.

Numa família com o mínimo de posses, era compreensível esse desejo de projetar nos filhos a perpetuação do status quo social: um virava padre (em geral contra sua vontade), enquanto os outros escolhiam o que queriam (dentro dessas possibilidades, basicamente).

Faz sentido?

Um grande abraço

segunda-feira, 9 de março de 2009

A máquina de lavar do Vaticano

Desculpem as postagens interruptas, acho que estou meio deprê, mas é algo que passa.

Bem, estou tentando acompanhar esse caso da excomunhão no Nordeste. Acabou virando isso, porque era sobre um estupro chocante no qual a Igreja se meteu e conseguiu desviar e criminalizar a atitude das pessoas que foram vítimas.

Não é preciso repetir que a Igreja é anacrônica. Acredito que uma instituição religiosa não precise ser tão antiquada para manter sua doutrina. É necessário interpretá-la em relação aos tempos modernos, sob pena de retornarmos aos momentos de queimar cientistas em praça pública.

Daí pego o gancho para o assunto de hoje. Foi o dia internacional da mulher e o Vaticano, como todas as instituições do mundo, resolveu homenageá-las. Pois bem: a Folha de São Paulo noticia hoje que, segundo o L'Osservatore Romano, a máquina de lavar pode ter sido mais importante para a mulher que a pílula anticoncepcional.

Sim! É exatamente isso. Um grande avanço foi a máquina de lavar, não a pílula. Na minha concepção prosaica, parece que isso, ao contrário de homenagear as mulheres, está implicitamente dizendo que a função "natural" da mulher é a cozinha e que um invento que a ajude nessa função natural é muito mais interessante que outro que lhe permita aproveitar sua sexualidade sem necessariamente carregar o fardo de uma gravidez indesejada.

É a mesma Igreja que há menos de 3 séculos ainda queimava em praça pública mulheres que ousavam ser diferentes dos padrões sociais, sob a alegação que eram bruxas, praticavam feitiçaria, etc. É a mesma Igreja que até pouco tempo atrás era favorável à escravidão, sob diversos argumentos como a ausência de alma dos negros.

Pedir desculpas pelos erros do passado só vale a pena se você efetivamente não tem a intenção de cometê-los no futuro.

Ao criminalizar a conduta do aborto, mas não criminalizar o estupro, a Igreja mostra a sua verdadeira cara: para ela, dá uma boa saudade daqueles tempos em que ninguém questionava seu poder. Muito menos mulheres, numa Igreja que as diminui e coloca como mera subordinadas de homens dentro de uma hierarquia.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Orçamentos e crise

Peço desculpa aos leitores pela demora na postagem de um novo tópico. Estava na reta final para a defesa da minha dissertação lá no Coppead; tudo deu certo, ainda bem : )

Quero falar um pouco sobre um ponto que já havia mencionado anteriormente, que é a questão do orçamento público.
Foi publicada na Folha de São Paulo uma reportagem, segundo a qual o Nobel de Economia Paul Krugman diz que o Orçamento dos EUA pode mudar o rumo da Economia. Segundo o laureado, desta vez há a possibilidade de se compreender os rumos do país e o destino do dinheiro a ser gasto.

Quando trabalhava na Câmara aqui do Rio, tive alguns embates com uma consultora na área de orçamento público, Ester Inês Scheffer, que agora é Secretária de Planejamento de alguma cidade no interior do Mato Grosso, eu acho. Na visão dela, o orçamento deveria conter metas e resultados, de forma a possibilitar a mensuração da eficiência do gestor público.

Pensei muito sobre isso e acho que vale a pena um parcial mea culpa.

Talvez ela estivesse, de algum modo, certa, no sentido que no Brasil, como o planejamento é geralmente algum número próximo a zero, qualquer coisa que pudesse dar algum grau de satisfação em saber que o seu dinheiro está sendo bem usado possa ajudar.

Por outro lado, se há algo que o Mestrado em Adm me ensinou, é que existem várias formas diferentes de lidar com o mesmo problema. Como toda boa ciência social (e, nesse caso, peço permissão para escapar da discussão acerca da natureza científica dos estudos sociais), não há algo que seja inteiramente correto ou errado.

(continuo amanhã, tá bom?)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Corporação, reloaded

A pedido do Pachá, vou tentar desenvolver um pouco mais um tema que eu havia pensado há três dias. De fato, é mais um desabafo de alguém que estuda em uma escola de Administração que propriamente uma análise ultra-profunda sobre o tema, mas tem valor também.

Havia comentado que em Metropolis, a fantástica obra do Fritz Lang (1927), uma jornada considerada cansativa pelo Freder tinha 10 horas de duração. Tema que será revisitado no igualmente clássico Tempos Modernos, de Chaplin, acho que de 1936 (ou por aí), de um modo hilário e sério, que só alguém do porte do Chaplin saberia fazer.

Na análise de Andreas Huyssen (1982) sobre Metropolis, comenta que há uma visão dupla em relação à tecnologia: algo que pode ser tanto positivo para a sociedade quanto algo que pode ser muito ruim. Basta lembrar todo aquele furor da Belle Époque, com as idéias dos carros voadores e das máquinas que permitiriam ao indivíduo ter mais tempo para as artes, família, etc. Tudo isso devidamente interrompido pela Primeira Guerra Mundial, em que ocorreu o oposto: a tecnologia foi pesadamente usada para destruir, matar, torturar, enfim, acabar com o ser humano. Portanto, nada surpreendente Metropolis apresentar essa postura.

Com as novas mídias do século XX, a situação não foi bem assim, tão "flores".

O telefone, embora inventado no século anterior, teve sua massa crítica atingida no séc. XX, aumentando a capacidade de comunicação (no modelo 1/1). O rádio, idem ao telefone, só que no modelo 1/N. Televisão, a mídia de massa com imagens, solidificou o modelo de difusão 1/N.

Não é de se espantar que, com a alteração na dinâmica das cidades (e aqui, principalmente, as dos EUA), espalhando-se para os subúrbios (mudança possibilitada pelos carros agora mais baratos), acaba-se gerando um isolamento cada vez maior dentro da própria casa. O rádio e a televisão servem como fonte primária de notícias, atualizadas em "tempo real" (ao contrário do tradicional jornal impresso, com um delay típico de 1 dia).

Esse modelo de "isolamento" tem suas vantagens, ao obrigar uma separação entre o espaço do trabalho e o doméstico.

Com a telefonia móvel (final de 1970 e início de 1980), somada às tecnologias ligadas à informática, a década de 1980 experimenta o início de uma alteração na idéia de trabalho, abrindo a possibilidade de extensão da jornada de trabalho para o ambiente doméstico.

A década de 1990 marca a consolidação desse processo, com a supremacia do uso corporativo do e-mail e a disseminação do computador pessoal. Ou seja, agora você tem a possibilidade de, no conforto do seu lar, trabalhar em frente ao computador e enviar, sábados, domingos ou feriados, relatórios, análises, etc.

Com a maldição do Blackberry (e posteriores smartphones), caiu a barreira entre o trabalho e a residência. Tudo é trabalho ou, como adorariam os meus amigos adoradores do Spinoza, em potência.

Se em Metropolis eram 10 horas diárias, agora são até 12 ou 13, no escritório, além das restantes, pois é necessário que você esteja de stand by, com seu celular ligado ao lado de sua cama, para a eventualidade de alguém ligar.

O suporte para esta prática foi construído, ao longo do tempo, pelo discurso gerencial. Frases como "os mais fortes sobrevivem no mercado", "você tem que ser pró-ativo", "tem que ser criativo", dentre várias outras comuns no dia-a-dia do RH e da literatura gerencial de livraria de aeroporto são a dimensão perceptível de algo muito mais assombroso, já cantado pelos nossos colegas Foucault, Deleuze, Guattari, Negri, etc: a biopolítica (junto com o conceito de biopoder).

Vale lembrar que as técnicas agem de tal modo que você acaba acreditando na sua validade, na suposta imanência, sem sequer se pensar no motivo, na razão, na ideologia por trás de tudo (e sempre há uma ideologia por trás).

Interessante, percebi agora que há uma coisa coincidente: enquanto as técnicas agem sobre o "corpo e a alma", o que significa uma corporação? Do latim, corporis.

Bem-vindo a este mundo de permanente vigília. De liberdade vigiada; principalmente por você mesmo.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Apple, Microsoft e a batalha de propagandas

Já havia me esquecido disso, mas acho que vale um post o terrível comercial da Microsoft sobre o grande novo produto, o Songsmith.

A julgar pelo comercial, o produto é indicado para pessoas idiotas e com sérios problemas de relacionamento social, que vivem em algum mundo entre Nárnia e Teletubbies (mais próximo do último, para honrar a memória do Lewis). Veja por conta própria e tire as conclusões:



O comercial também havia levantado um fato curioso: o uso de um macbook, ao invés de um PC. Claro que isso é interessante, principalmente porque a Microsoft gastou milhões contratando agências de publicidade nos últimos tempos para concorrer com a Apple, principalmente nas icônicas campanhas I'm a Mac x I'm a PC.



Bem, a Microsoft contratou Jerry Seinfeld - eu acho ele tão sem graça...mas tudo bem - para estrear o seu comercial junto com o simpático Bill Gates. É um dos comerciais mais sem sal (e sem sentido, e mais caros) que eu já vi:



Além de tudo...tcharam... uma boa parte da campanha recente da Microsoft foi feita utilizando softwares e máquinas da Apple!

Vai entender esse mundo...
Conforme definiu a MacMagazine...:

"Caso você seja uma daquelas pessoas que gostam de elevar a tortura ao estado de arte e premiar seus desafetos com coisas terrivelmente toscas e irritantes — que tal um DVD contendo todos os monólogos do último capítulo de A Favorita? —, então fique atento, pois a Microsoft desenvolveu a arma o software definitivo. O melhor de tudo é que, com ele, até uma menininha de voz irritante consegue compor músicas!"

Disclaimer: Não uso Mac.

DJ de papel passado

Curiosidade vinda direto da Folha de São Paulo: projeto de lei do senador Romeu Tuma (PTB/SP) quer regulamentar a profissão de DJ, exigindo para tal um diploma...

Por sinal, adorei essa parte da justificativa da senadora Rosalba Ciarlini:

"Infelizmente, os disc-jockeys (DJs) que conduzem os sons das
pistas de dança com a habilidade de quem conhece profundamente os ritmos
de danças e os efeitos sonoros que deixam o público extasiado, unindo som e
tecnologia para embalar casas noturnas, eventos e festivais não têm ainda sua
profissão regulamentada."

Para quem quiser acompanhar a matéria: PLS740/2007, no site do Senado.

sábado, 31 de janeiro de 2009

E-government (ou "ache o seu político")

Considerando que podemos ser achados pela Internet de modo fácil e rápido, ainda há uma classe que não tem muita conectividade: os políticos.
Honra seja feita: a ausência de conexão é com o cidadão, não com seu staff; com esses eles se comunicam diuturnamente através de e-mails, blackberrys, listas, etc. Mas com o cidadão...ish...

Na crescente onda wiki, ainda faltava o lado político da coisa. A Technology Review, do MIT, informa que existe nos EUA um grupo que está tentando coletar os dados de todos os políticos para disponibilizar os contatos, tanto por e-mail quanto os tradicionais, para que qualquer pessoa possa saber quem a representa. Ainda haverá uma funcionalidade para digitar seu CEP e descobrir quem é quem no seu bairro ou vizinhança. Uma espécie de "GoogleParlamentar".

Parece ser algo interessante, mas aqui em terras tupiniquins esbarra em alguns problemas:

1) embora o acesso à Internet seja cada vez maior, ainda há um alto contingente de pessoas que não têm acesso à rede;

2) mesmo que acessem, vários dados importantes não estão disponíveis na Web ou, quando estão, adotam a forma de um livro ritual de magia negra, cujo conteúdo é reservado aos iniciados (já tentou acessar um orçamento público e ver que "13.4400.2100.0000.12.1 - Empenho - Executado" não faz sentido algum para pessoas que têm Português como língua materna?)

3) os políticos não acessam seus e-mails oficiais....

Sim, é uma triste notícia, mas não adianta muito mandar para os e-mails oficiais. Dificilmente serão sequer lidos pelas respectivas assessorias de imprensa, muito menos pelos próprios.

Mas, sendo mais otimista, acho que a iniciativa de "todo poder ao cidadão" demonstra um caminho bastante positivo para o uso social e político, de fiscalização sobre quem está lá em cima mandando (com o nosso dinheiro e através do nosso voto).

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Casado, solteiro, assassinado (Facebook/Orkut)

Outra daquelas insanidades que se vê ocasionalmente na Internet.
Enquanto nós colocamos amenidades como "estou me sentindo triste", "quero uma namorada", essas coisas, um britânico percebeu que sua noite ficaria mais interessante se ele saísse e matasse alguém; e escreveu isso no Facebook antes de sair de casa.

Essa semana teve aquele polonês que se matou em frente a uma Webcam, mantendo a série de suicídios "a la Big Brother", como esse na Flórida e do pai de família inglês.

Tem quase um ano que li o livro do Arthur Dapieve, o "Morreu na contramão: o suicídio como notícia", resultado da sua pesquisa de mestrado em Comunicação na PUC-Rio. É uma obra interessante, e o Dapieve aborda vários pontos de contato interessantíssimos. Isso me leva a tentar, sempre, talvez como um trauma sociológico, relacionar tudo à anomia (ou a uma eventual anomia).

Mas creio que não...acho que o buraco é mais embaixo. Trata-se de, em linguagem nua e crua, de apenas mais uma mídia para transmitir o suicídio, mídia esta que não existia nos tempos do jovem Werther. Para Goethe a solução foi usar o livro impresso e, ao que parece, dizem que o livro incitou vários jovens desolados amorosamente a cometer igualmente o suicídio.

Se é uma sociedade do espetáculo, pegando o termo emprestado do Debord, então seria razoavelmente esperado que também o suicídio (e a notícia dele) fizesse uso das mídias eletrônicas, agora existentes.

O que me intriga é o caráter de tempo real do acontecimento. Não basta que se tenha noticiado o seu suicídio, é necessário agora realizar um log disso. Fenômeno que vale a pena estudar a fundo.

O dado confidencial nosso de cada dia

Mais uma daquelas notícias fantásticas que ocasionalmente surgem na Internet, fruto de simples descuidos em relação aos dados pessoais ou governamentais.

Saiu na Reuters que um neozelandês, em uma viagem aos EUA, comprou por módicos US$10 um MP3 player de segunda mão. Para sua surpresa, em seu interior estavam arquivos com dados secretos do Governo dos EUA, relacionados ao pessoal das forças armadas em serviço no Iraque e Afeganistão. Junto aos dados secretos estavam detalhes como telefone celular e número de registro social de vários militares (provavelmente endereços também).

Por falar em Nova Zelândia, isso me lembra um episódio bastante bizarro em que os planos de segurança para a visita do presidente Clinton àquele país foram enviados pela CIA via fax...para o número errado. Acabaram saindo no fax de um inocente cara dono de uma fábrica de alimentos.

Com a quantidade de informações que existe em todos os lugares sobre tudo, a preocupação com os dados pessoais deveria ser maior, acredito. Mesmo na Europa e nos EUA, cujos cidadãos são razoavelmente preocupados com tais questões, acontecem coisas inacreditáveis.

Vale a pena checar um artigo recente da Harvard Business Review (ed. brasileira), "O que era privacidade", do Lew McCreary (edição de outubro de 2008).

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A Metropolis de hoje

É engraçado ver que a jornada de trabalho tida como exaustiva no filme Metropolis, de Fritz Lang (1927) era de 10 horas.
Atualmente uma parcela considerável do setor privado tem esse tipo de jornada (ou maior, chegando a incríveis 13, 14 horas no caso de consultorias, por exemplo) a ainda se fala tanto em balanço da vida pessoal e profissional. Só se a vida pessoal for a profissional.

Para a tecnologia, que ainda se pensava como algo que diminuiria a jornada de trabalho para dar mais tempo às atividades pessoais e sociais, parece que algo deu errado nesse caminho. Vale a pena checar o livro de José Henrique Organista, "O debate sobre a centralidade do trabalho", de uma editora muito interessante e que vende livros a preços bem acessíveis (Ed. Expressão Popular).

Retomo esse tema mais à noite, hoje ainda. Quero escrever mais sobre isso.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Last.fm + Mobile + youTAG

Saiu no TechCrunch uma notícia bastante interessante no que se refere às tendências para tecnologias móveis - que, certamente, ainda terá um pequeno lag em terras tupiniquins.
A Last.fm é um serviço que basicamente traça o seu perfil musical com base no que você ouve (tanto no PC, Mac, iPod, etc...) e oferece sugestões, além de, claro, canais de "rádio" personalizáveis. O fring, um sistema de comunicação móvel via VoIP desenvolvido por uns israelenses, que vem crescendo bastante nos últimos tempos.
Imagina juntar os dois. Pronto. Juntaram.

Agora você pode levar a sua música com você sem necessariamente carregar um iPod (ou similares) com toda a sua biblioteca, deixando a app no fundo enquanto você faz coisas divertidas no seu telefone.

É, de certa forma, a passagem do entretenimento musical para a tal navegação em nuvem, tendência que já vem sendo seguida/cogitada/planejada por empresas tipo Google e Microsoft.

Outro ponto, mais interessante ainda, é ver que se isso for implementado em uma escala maior (gerando externalidade de rede), pode ser uma interessante alternativa aos espectros de rádio, palco de brigas homéricas no mundo real. Como os espectros são concedidos pelo Governo e as concessões são limitadas, percebe-se que pode ser um caminho indicativo para a possibilidade de qualquer um ser ouvido em qualquer lugar, independentemente da concessão de canais de rádio.
Um debate sobre o tema das concessões de espectros de rádio pode ser encontrada no livro "Comunicação digital e construção dos commons: redes virais, espectro aberto e as novas possibilidades de regulação", em especial nos artigos do Sérgio Amadeu (p.21-56) e do João Brant (p.91-128).

Na TV caminho parecido já se mostra no horizonte. Basta observar a possibilidade de assistir vídeos do YouTube no seu iPhone (com as devidas relativizações: a esmagadora maioria dos brasileiros não tem como comprar um smartphone e muitos sequer têm acesso à Internet ainda).

Isso me lembra bastante uma obra que eu vi no ItaúCultural, em São Paulo, na Emoção Art.ficial 4.0 - Emergência!, mostra de arte ligada à tecnologia e interatividade. Chama-se youTAG, do grupo Interfaces Críticas. Vale a pena conferir.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A new beginning

Finalmente consegui terminar de ajustar meu novo blog aqui no Blogspot, transferindo do Wordpress.
Todo poder ao Google! hehehe..
amanhã eu começo a postar algo aqui.