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terça-feira, 16 de junho de 2009

Blog da Petrobras

Interessante essa confusão toda em torno do blog da Petrobras.
Não havia ainda visto um blog corporativo ser tão direto e rápido na elucidação de suspeitas levantadas pela imprensa. A pessoa que teve essa idéia realmente foi inspirada.

Fica, contudo, a questão de "furar o furo" jornalístico que, no fundo, é o que se está falando.
Imagino que tenha dois lados a questão.
É, por um lado, bom, porque mostra a posição da empresa de forma rápida, aproveitando (finalmente!) a Internet e as tão faladas ferramentas de Web 2.0 para fazer a informação chegar a um público. Ainda é bom porque faz com que a imprensa tenha que repensar um pouco a posição de relativo poder que se encontra e que, correntemente, é utilizado de forma excessiva.
Por outro, é ruim. A Petrobras quebra uma das principais relações tácitas entre o jornalista. Ao contrário do que se fala, isso não é sigilo de fonte. É algo que, no meu ver, é mais delicado. Entrar em contato com a parte "acusada" antes da publicação é uma forma de dar possibilidade de defesa ou de apresentação da versão oficial. Ao publicar no blog antes dos jornais, acredito que no médio prazo os jornalistas possam se sentir desestimulados a procurar o outro lado para averiguações.

Mas, não nos esqueçamos: o jornalismo brasileiro ainda vive num limbo. Não entendo por que não saem logo do armário. Todo mundo tá careca de saber que a Veja é uma revista bastante à direita, enquanto existem várias outras para esquerda - e algumas em algum lugar desses. Por que não assumir logo ao invés de passar uma imagem de imparcialidade? Bem, vai saber....

Essa CPI da Petrobras é outra coisa de louco. Começou esquisita, desenvolve-se esquisita, deve terminar em pizza, como a maior parte das outras. O governo tem maioria. Mesmo que fosse um governo da atual oposição, o efeito pizza seria idêntico, pois no Brasil a agenda é dada pelo Executivo, não pelo Legislativo.

A única coisa que me recuso a fazer é entrar num frenesi ufanista ao defender a Petrobras, como vejo muitos fazendo em seu blog.
1) A Petrobras é do Estado brasileiro, não desse governo ou de outro. Assim, ela não é do PT ou do PSDB ou PMDB - embora seu uso político seja evidente, o que é ruim;
2) A Petrobras é, e continuará a ser, uma empresa, capitalista (bem capitalista), de uma das áreas que mais polui e que ganha rios de dinheiro.
3) A Petrobras é uma empresa - não confundir a pátria brasileira com uma empresa, que tem uma agenda muito diferente do Estado. Alguém acha que a principal motivação de uma empresa é o engrandecimento da pátria, no lugar de lucros? Acorda. O petróleo chega (refinado, claro) até nós por um preço absurdo, abusivo. A Petrobras, embora invista muito (mas muito mesmo) em cultura e outros projetos, é tão pragmática quanto qualquer outra empresa. Se ela não quiser o lucro que vire uma ONG (sem conotações negativas, ok?), mas não vem com essa de empresa legal e simpática (com capital em bolsa?!...) defensora dos fracos e oprimidos.

Portanto, me recuso a levantar bandeira de qualquer empresa em nome de uma "soberania" ou "patriotismo". Levanto a bandeira de uma pátria, sim, que é o Brasil. Mas a Petrobras continua sendo uma empresa brasileira, uma multinacional brasileira que, como vimos, é tida por muitos hermanos como uma imperialista.

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