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sexta-feira, 12 de junho de 2009

Mais Platão, menos Prozac

Consigo, atualmente, ficar cada vez mais imerso nesse mundo esquisito que é o da Administração de Empresas. Confesso que não entendo muito bem o que faria a Administração ser tão independente assim de um outro campo, como a Sociologia, já que, no fundo, a unidade básica coincide em vários momentos - a organização.

De fato, quando alguém da área é indagado acerca da fundamentação de suas crenças, em geral se esquiva da pergunta.

Sob a desculpa de ser uma ciência pragmática (o que quer que isso signifique), a Administração se deu ao luxo de não procurar uma fundamentação filosófica para aquilo que faz. Melhor. Sob a mesma desculpa acredito que muitos acadêmicos sequer pensaram nisso.

Existe um verdadeiro movimento positivista retrô, que tenta impor uma visão mecanicista de mundo aos demais. Pois bem. Isso chegou uns 70 anos atrasado.

Tal discussão já era subjacente ao Círculo de Viena, com intelectuais do porte de Carnap e as influências críticas de Wittgeinstein e Popper. Por outro lado, discutia-se também na chamada Escola de Frankfurt. Particularmente, tenho bastante simpatia por esta última, lar intelectual de figuras como Horkheimer, Adorno e Benjamin.

Existe ainda um outro movimento, dentro desse retrô, que insiste em ver a sociedade de uma forma estruturalista, porém não o estruturalismo filosófico, mas sim algo ligado ainda à primeira onda da cibernética. Bem, isso está uns 50 anos atrasado.

As discussões que são tidas atualmente, especialmente na Academia brasileira, parecem pautadas por uma agenda intelectual de meio século atrás. Norbert Wiener e amigos ficariam bastante orgulhosos em saber que suas idéias ainda são discutidas, de forma ferrenha. Talvez, contudo, não gostassem do fato de nem se saber ao certo quem é Norbert Wiener quando se discute aquilo que ele influenciou - e muito - a Administração.

Quando falo atrasado, não o digo num sentido dicotômico inferior/superior. Tendo a pensar do modo antropológico, apenas como uma evolução no tempo. A discussão é atrasada porque, efetivamente, já foi realizada à exaustão há muito tempo.

Esse, portanto, é o problema de não fundamentar o estudo, de não conhecer as bases filosóficas daquilo que se faz. A discussão pretensamente teórica fica no plano do "dito pelo não dito", enquanto intelectuais medíocres acham que descobriram a pólvora.

Como diria aquele famoso livro de auto-ajuda, cujo título é inspirador: mais Platão, menos Prozac.

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